segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fogo Consumidor?

Eu não gosto de falar muito de músicas gospel. É perigoso! Por alguns motivos:

1/ Primeiramente porque eu corro risco de falar algo não condizente, devido ao fato de eu não saber as circunstâncias pelas quais as letras foram formuladas, ou o histórico recorrente desta.

2/ Existem alguns fanáticos idólatras de artistas que podem tentar contra a minha vida.

Mas se eu não consigo tratar da música em sua raiz, eu consigo ver os frutos que tal anda gerando. É por isso que vim exclusivamente tratar da música do cantor Fernandinho, Fogo Consumidor.

De ante mão já falo que o problema não está na música em si, até porque eu não posso discordar de afirmações como "Homens se desviaram / Profetas se venderam".
Fogo consumidor / Vem arder em nós / Aquecer a chama / Que um dia queimou por ti 
Homens se desviaram / Profetas se venderam / Mas existem aqueles que não se dobraram / Diante outros deuses / Mas existem aqueles que não se dobraram / Diante outros deuses 
Deus está levantando um novo povo / Deus está sacudindo toda a terra / Deus está separando seus profetas / Um novo dia amanhecer / Uma nova história se cumprir / O choro já durou uma noite / É chegado o amanhecer 
(Daqui)
O problema está na forma pela qual as pessoas estão lidando com a música, e não só essa. Um dia fui em uma igreja a qual o pastor fez sua pregação em cima da letra de uma música do grupo Toque no altar (ou uma de suas variações).

Mas voltando a música de Fernandinho, hoje as igrejas estão a todo instante pregando sobre avivamento, mas falar de "avivamento" é algo muito delicado, tendo em vista que a ideia que as pessoas têm de avivamento é uma ideia criada no meio pentecostal, ou seja, algo do tipo como a da rua Azusa. E é aqui que mora o perigo.

Essa noção de avivamento passa indispensavelmente pela passagem de Joel 2. Pedro cita tal passagem em seu discurso durante o dia do cumprimento da profecia sobre o Espirito Santo.
E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar. Joel 2:28-32 
Alguns o chamam (Joel) de pai do avivamento, outros dão esse título à Habacuque, mas geralmente quem consegue ver uma ponta de avivamento na igreja de hoje, mesmo havendo nas escrituras a ideia contrária, são pessoas que estão esperando o "reino milenar" de Cristo. 

Por exemplo, Mario Persona escreveu em sua página na internet que a profecia de Joel iria se cumprir por inteiro às vésperas do início do reino milenar. Ele explica: 
O Espírito foi derramado ali, mas não "sobre toda a carne", como previa a profecia. A profecia toda se cumprirá no final do período da Grande Tribulação e antes da volta gloriosa de Cristo. Então sim haverá "prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça"...
Veja que a ideia pela qual afirma que o Espirito Santo seria derramado sobre todos, sem exceção (judeus e gentios), também é vista nos ensinamentos de Myles Munroe, como podemos ver neste vídeo:



O  reino criado por  Myles Munroe está de acordo com a ordem mundial de Baha’u’llah e o reinado do Anticristo na terra, pois o mesmo antecede a verdadeira volta de Cristo , (II Tessalonicenses 2 : 3); além disso,  o Senhor Jesus não estabelecerá  nenhum reino nesse mundo (João 18 : 36).  Myles diz que quando o Espírito Santo vier, todos os habitantes da terra (toda a carne) receberão um avivamento espiritual. Ele chega ao ponto de dizer que a ONU também receberá esse novo avivamento para dar início a reconstrução do paraíso na terra. Esse absurdo pode ser visto nesse outro vídeo (clique aqui) na posição  3’12.

Me desculpe se fugi um pouco da ideia principal do post, a música, mas é necessário entender a mente dos que a cantam (da maioria deles) e de que maneira isto está os condicionando para receber o reino de Abhá.

Outra coisa intrínseca à ideia de avivamento pentecostalista é a presença do "fogo". Fogo consumidor em toda a bíblia é exposto de uma maneira a retratar o zelo de DEUS, a sua correção. Mas percebemos na letra desta música que esta ideia é ultrapassada, pois hoje a ideia de fogo ganhou uma conotação gnóstica. Até mesmo a associação do poema de Camões "O amor é um fogo que arde sem se ver" é de tradição esotérica gnóstica, como pode ser vista no livro O Mistério de Portugal na História e n’ Os Lusíadas, de António Telmo.

O que é realmente preocupante, e que me fez escrever este post, é a última parte da música, que porventura vem a ser a parte exaustivamente repetida da canção.

Mais uma vez friso que o problema está na associação subjetiva de qualquer pessoa que esteja a cantá-la, pois não posso afirmar de fato as intensões do compositor. Se você tiver apenas uma vista periférica da letra, não é uma mentira absurda (pelo menos não comparada à outras músicas de mesmo gênero).
"Deus está levantando um novo povo / Deus está sacudindo toda a terra / Deus está separando seus profetas / Um novo dia amanhecer / Uma nova história se cumprir / O choro já durou uma noite / É chegado o amanhecer"
Deus está sempre a levantar pessoas que o sigam, mas há pessoas que se utilizam de pensamentos como este de forma tendenciosa. Isso pode passar a ideia de um surgimento do homem perfeito (extremamente necessário para realizar-se a "limpeza astral", ou seja, morte dos santos), pois para que se "reine com cristo os mil anos" é necessário que antes tais pessoas sejam revestidas de um renovo, que só poderia ser ocasionado com a "descida do espírito santo", e muitos podem associar erroneamente as bruscas mudanças no cenário atual (sacudir da terra), para o estabelecimento do "reino milenar".

É valido lembrar que Baha'u'llah também associou a sua vinda ao amanhecer de uma nova revelação.
o amanhecer da luz divina só virá guiar-nos após as trevas da noite do erro. Kitab-i-Iqán

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