sábado, 30 de agosto de 2014

Mais notas sobre o futuro

Deus já não é acessível ao Homem moderno. A significação dada pela doutrina bíblica para repetição dos “gestos” da natureza foi abandonada. Com isso, a repetição desses "gestos" sem um propósito à vista dos homens conduz a uma visão pessimista da existência.
O que é, afinal, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; mas se me perguntarem e eu quiser explicar o que ele é, já não sei. — Santo Agostinho
Santo Agostinho, por exemplo, considerava o tempo como cíclico, o qual alternaria-se para além dos movimentos da natureza planetária também entre o período profano e o sagrado.  Essa concepção  de tempo acompanhou o pensamento humano enquanto este via Deus como soberano nessa questão, "o futuro a Deus pertence" dizia o senso-comum.  Para o Homem neo-gnóstico, o Tempo cíclico torna-se insuportável na medida em que se revela como um círculo rodando indefinidamente sobre si.

A partir do movimento iluminista, o homem tenta "tomar as rédeas do seu próprio destino" compreendendo que o futuro não pertence a outro senão a ele mesmo. Dessa maneira, os movimentos que pregam a vinda de um reino de paz e harmonia ganham força quando o homem se vê como um empreendedor dessa realidade utópica.

A revelação progressiva defendida por Bahá'u'lláh assume a posição de crescente sagrado, ou seja, o amadurecimento espiritual da humanidade é algo dado com certo. Neste sentido, os homens que se acham representantes do seu tempo, em oposição ao retrógrados que se opõe (como os verdadeiros cristãos), são tomados como exemplos desse dito amadurecimento espiritual. Basta vermos os engajados em agendas das Nações Unidas,  considerados auxiliadores da causa divina.

sábado, 23 de agosto de 2014

Qual a importância do noticiário?

A mídia que acomodamos passivamente carrega consigo a intenção, mesmo que não clara para a maioria, de estar suprindo uma necessidade imprescindível na vida do cidadão. Não só informar, jornalistas treinados vão mastigar os acontecimentos e regurgitá-los às nossas bocas, como uma mamãe pássaro alimenta seus filhotes que ainda estão no ninho.

Vemos isso no fato de a presença do repórter se mostrar mais importante do que a própria notícia em si. Quando se inicia um conflito no Oriente médio, o repórter precisa viajar milhares de quilômetros até o local do confronto e, vestindo uma roupa protetora, dizer que uma bomba pode cair a qualquer momento em sua cabeça. Ao mostrar as famílias que sofreram perdas, o mais importante é a sensibilidade do repórter capturada pelas câmeras, em um exercício metalinguístico: o jornal que fala do seu repórter.


Ideias como a do físico Heisenberg nos afirma ser impossível observar um objeto sem interferir em tal. Noticiaristas deveriam dobrar o cuidado já que além de observar, eles têm de descrevê-lo. Não obstante dois sentidos tão naturais ao ser humano, visão e fala, jornalistas ainda querem se utilizar de um suposto sexto-sentido. Essa capa de super-jornalista é adquirida ainda nos estudos nas faculdades, as quais oferecem seus cursos com o marketing apontando seus futuros formandos como agentes de transformação social.


Mas ainda parece ser outra a necessidade a ser suprida: depois do estresse do dia, faz-se preciso excretar os resíduos psíquicos para uma renovação para o dia seguinte. Em contraste com as complexas explicações históricas para conflitos no Oriente Médio, parece que é nos acontecimentos mais corriqueiros da vida do cidadão comum que a mídia estará buscando o ápice da sua produção, de tal forma que a levará à exaustão. Paralelamente às super-câmeras que capitam o pingo do suor caindo do rosto cansado do jogador de futebol, vão ser as câmeras de segurança domésticas, as de celulares e até mesmo as de canetas espiãs de qualidade péssima que cumprirão o papel de remontar a realidade tal como ela é nas ruas em um show de sensacionalismo dramático.

Na volta do trabalho para a sua casa, o indivíduo precisa fechar o ciclo de sua rotina ao se projetar para o restante do mundo, visto através das lentes das câmeras. É dessa maneira que o suspeito de assassinado, diante do microfone do repórter, se tornará o elemento sacrificial, como no mecanismo do bode expiatório teorizado por René Girard [1], para restabelecer a ordem à sociedade.


Precisamos acabar com essa sensação dos noticiários serem parte indispensável da vida do cidadão. Primeiramente no âmbito individual, em seguida levantando discussões sobre a relevância do noticiado. A televisão precisa deixar de ser o banheiro do nosso psicológico.

Notas:
[1] O bode expiatório em René Girard: documento.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Desinformação: A Zueira Metalinguística


Esta foto acima é uma versão "zuada" da foto em que Dilma come um cachorro-quente em Osasco. A montagem foi feita por uma página humorística de Facebook da cidade, sem intenções políticas. Entretanto, a imagem acabou ganhando grande visibilidade devido aos compartilhamentos vindos de páginas "anti-petralhas".

A imagem não passava dúvidas de que era uma montagem e que não era sua intenção veicular um fato real.  Mas isso não impediu da mesma ganhar uma proporção que nem seus criadores imaginavam, e caminhar por discussões não pretendidas. É aqui que entra o conceito de "zuera metalinguística": Uma paródia que se baseia em outras anteriores, de tal forma que se perde a noção das características que formam uma paródia como a ironia e o humor.

No mesmo embalo da divulgação da dita imagem, uma nova página com o nome de "É mentira da Direita" foi criada com um caráter ambíguo: esta seria uma página de esquerdistas ou seriam direitistas parodiando o esquerdismo? A tal página sentiu a necessidade de fazer uma refutação à claríssima montagem de Dilma comendo um pombo.


Na refutação percebemos alguns elementos que são típicos (ou será que não?) da forçação da linguagem estereotipada. Expressões como "querida presidenta" e "num ato de humildade e complacência" evidenciam uma adoração exacerbada que não seria vista (ou será que sim?) em um texto sério. Outros trechos deixam escapar, ainda que de leve, o tom irônico, como em "uma grotesca montagem indicando que na verdade nossa presidenta estava comendo um pombo cru!". Se o pombo estivesse assado não teria problema?

Em cima desse fato, as páginas "anti-petralhas" citadas anteriormente ridicularizaram a ação "esquerdista" da página em provar uma coisa tão óbvia. Nesse momento vemos a paródia virar pastiche. Não perceberam que essa era uma página-paródia, e por quê? Por que imitava fielmente o estilo do parodiado? Ou por que imitava fielmente o modo como essa pessoa enxerga o estilo do parodiado?

Isso acaba criando ambientes em que pessoas debatem vorazes contra simulações de seus adversários. Um cenário autístico no qual a desinformação sofre um processo de retroalimentação até o ponto onde a simulação começa a dominar. 

Para que um texto não caia na confusão que virou as sátiras espalhadas pela internet, é necessário que este tenha um ponto claro de identificação de que seja uma ironia. Por exemplo: se eu digo "Eu apoio o movimento LGBT.", essa é uma afirmação que não dá para perceber um possível tom irônico, mas se eu digo "Eu apoio o movimento LGBTXPOW27." a pessoa identifica de cara que se trata de uma ironia já pelo deboche da sigla.

Pesquisas:
O caso:
O efeito metalinguístico na informação:
A perca da noção da sátira:

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

São também sete reis... Charadinha divina?

Terei de voltar no capítulo 17 do livro de apocalipse outra vez, pois as pessoas parecem que não sabem o que é uma revelação! Com isso estão brincando de adivinhação. O que normalmente tentam fazer é adivinhar quem será o oitavo rei a partir dos sete primeiros. Isso é impossível de se fazer, pois a revelação tem como base o próprio oitavo rei.
E o anjo me disse: Por que te admiras? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez chifres. Apocalipse 17:7
É importante lembrar que João viu a besta completa, ou seja, com as sete cabeças já formadas. Ele não viu cinco formadas uma mais ou menos e outra só o pescoço! Por isso, para entendermos o que são essas cabeças, elas precisariam estar todas já formadas e vista scom a besta do abismo. Essas cabeças não foram anexadas posteriormente à besta, ela subiu com as sete, é por isso que o anjo diz a João que mostraria o segredo da besta e não de suas cabeças por si só!
A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá. Apocalipse 17:8
Como os habitantes da terra admirariam a besta? Do jeito que João viu, com as sete cabeças e os dez chifre. Admirariam as sete cabeças, pois viriam as sete cabeças e não uma só. Isso mostra que só é possível saber quem são as suas cabeças após o conhecimento de quem seja o oitavo rei e não contrário.
Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. Apocalipse 17:9
Agora o anjo partiu para uma análise mais detalhada da besta (os sete montes), pois João já havia visto a besta completa.
E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo.

E a besta que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição. Apocalipse 17:10-11
Um versículo para falar dos sete reis e outro especificamente para falar do oitavo. Diferentemente da marca da besta que é pedido para calcular, o oitavo rei não é pedido para ser decifrado, e hoje é isso que tentam fazer: diz-se que foram descobertos os primeiro reis e fazem especulações de quem seria o oitavo. Nós podemos ver no oitavo rei os sete reis anteriores, mas não podemos ver em um dos sete primeiros reis quem são os seus sucessores!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O significado da inversão dos polos

A inversão dos polos é um dos acontecimentos mais esperados pelo movimento New Age. É importante entender que o movimento Nova Era é uma transposição temporal do gnosticismo da antiguidade tardia, tal como é também a mentalidade revolucionária e as suas religiões políticas. Enquanto o primeiro é responsável pela harmonia das cabeças do sistema (as religiões e seus respectivos "reis"), o segundo ficará a cargo de dar poder ao corpo executivo mundial (os chifres).

É importante se atentar ao significado da aclamação new age da inversão dos polos magnéticos da terra para compreender, de ambas as vertentes do neo-gnosticismo mencionadas acima, duas características fundamentais: o determinismo e o relativismo moral.

O determinismo

A inversão dos polos magnéticos da terra assume uma posição determinista, pois até mesmo a vontade humana estárá submetida às leis da transição planetária, de tal forma que o comportamento humano estará totalmente modelado pelo acontecimento cósmico. Ou seja,  segunto tais ideias, deveríamos entender que é um acontecimento inevitável o fim da atual civilização, para que assim possamos abraçar o futuro glorioso da revelação divina de uma Nova Ordem Mundial.

O relativismo moral

Como seria este um período de transição, nenhum comportamento seria moralmente inaceitável. Por um lado, para o ser, teria de estar sob visão da "civilização arcaica", a qual deve ser superada; por outro lado, não o poderia ser pela "nova civilização", já que essa ainda não estaria plenamente fundamentada. 


Fontes:
A inversão geomagnética (Wikipédia)

As religiões New Age negam a lógica