sexta-feira, 9 de maio de 2014

O paradoxo escatológico e o jogo político

Ia ao ar todas as quartas à noite na Rádio Vox o programa comandado por Alexandre Costa, autor do livro Introdução à Nova Ordem Mundial. Eu disse que "ia" porque depois do episódio que ocorreu no dia 30 do mês passado parece que o programa semanal foi cancelado. O convidado Madson Ribeiro, ex-satanista, estaria a comentar sobre o envolvimento da política com o ocultismo, mas a conversa tendeu para um lado tenso quando o convidado começou a expor suas convicções baseadas em uma interpretação do livro do apocalipse.[1]

Esse encontro só foi possível com a forte aproximação de Marcos Paulo Goes, que administra o site libertar.in, com o próprio Alexandre e os círculos de discussão da direita na internet. O convidado do programa demostrou um fraco conhecimento bíblico, sustentando aquelas velhas ideias como "Blocos econômicos são os chifres da besta".[2] Entretanto não foi devido à sua interpretação bíblica que eu me dediquei a fazer este post, mas o faço com um intuito de refletir sobre a função prática de quem defende uma visão dos últimos acontecimentos amparada em uma análise bíblico-escatológica.

Entramos em um paradoxo. Se por um lado discursamos contra certas ideias, sabemos que essas certas ideias compõem um cenário pré-determinado pela palavra de Deus. O blogue Ceticismo Político ― sincronicamente ao relatado ― publicou um artigo que vai contra o "conformismo" da direita, coisa a qual o site liberta.in foi acusado, principalmente depois de cortar relações com a rádio vox e anunciar um afastamento de qualquer ideologia política.
"Quem se conforma e lança discursos de conformação, principalmente quando é um formador de opinião, convence muitos de seus influenciados a serem conformados também.
No dia seguinte, Marcos Goes publicou um vídeo em que se coloca fora do espectro político direita-esquerda, além de afirmar sua preocupação apenas com as questões espirituais do Reino. No vídeo ele assume uma postura como a de Jean Baudrillard em seu texto “Partidos Comunistas: o Paraíso Artificial da Política".
Se todo o sistema curva-se sobre si mesmo, todas as posições do espectro político se equivalem. Direita, Esquerda ou Centro. Porque de fato o poder, o verdadeiro poder, já não existe mais. (BAUDRILLARD, 1995). 
Em consonância com esses acontecimentos, O. Braga, católico e conservador de direita, publica um artigo afirmando que "os protestantes, tal qual os revolucionários, gostam de ter a certeza do futuro". O elemento principal do paradoxo é o determinismo das profecias, ou seja, não se pode fugir do que está acontecendo e do que se está por vir. Ora, a nossa certeza está na palavra de DEUS.

Por fim, qual ação está mais próxima do pensamento revolucionário que dá legitimidade à nova ordem mundial e à besta que sobe do abismo? Buscar a justiça do Reino e a fuga do jogo político-partidário ou tentar pelo sistema uma reestrutura da ordem?


Notas

[2] Dentro de uma Nova Ordem Mundial, como federação única, não serão os blocos econômicos que se destacarão, mas as lealdades supranacionais (ver sobre) que comporão a elite pneumática (ver sobre).

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