quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A inclusão da igreja no debate capitalismo x socialismo

Quando escrevi "A construção de um reino de Deus na terra e a marca da besta" fui indagado em que momento se encaixaria a questão de "comprar e vender" que a marca da besta carrega consigo. Eu não me preocupo muito em falar sobre isso porque vejo sobretudo uma marcação acontecendo na vida espiritual do cidadão global, além de que uma análise tendo por vista apenas o "comprar e vender" foi o pivô para o surgimento de teorias estapafúrdias, como por exemplo a de que um chip será implantado como a marca da besta, como até hoje se vê alguém fazendo alarme a respeito. Mas é inevitável não percebemos que o atual papel da igreja para com o mundo está sendo um fator importante para o surgimento também de uma marca em que se possa "comprar e vender".
 
O que me fez escrever a respeito foi este artigo que trata de algumas declarações do Papa Francisco em relação ao "capitalismo" e que, devido isso, o mesmo está sendo acusado de ser "marxista" por alguns "ultraconservadores". É fato que conservadores da ICAR estão afirmando desde o início de seu pontificado que Francisco tem um discurso que, no mínimo, possui um 'teor' marxista. Mas, de todos as críticas de conservadores que acompanhei até aqui, nenhuma delas se fez valer para tal afirmação tendo em vista declarações do Papa a respeito do capitalismo. Ante isso, pude perceber que todas as críticas estão sendo feitas em relação às crenças da própria Igreja Católica a qual vem conservando há séculos (muito antes do despontamento do capitalismo) que Bergoglio vem passando por cima.
 
Como exemplo deixo aqui as críticas do conservador católico português Orlando Braga, o qual fiz questão de colocar à direita da tela, nas opções "Páginas Recomendadas", para que o leitor do blogue possa ficar à par da relação do Papa para com a própria Igreja Católica. Em nenhuma das postagens em que o autor afirma que o papa está com discurso marxista, ele o faz em defesa do capitalismo.
 
Eu vejo um papa que está sendo tido como sensato por pessoas de fora da ICAR, mas que não estão nem um pouco se quer preocupadas com esta. Essas pessoas veem o mundo do modo como acostumou-se o ver a partir do século XX, com um olhar materialista.Sendo assim, se a igreja (não só a católica) quiser participar da "vida lá fora", deve vir de modo a contribuir não na questão espiritual/ética, já que todos estão envoltos dos princípios que tem por fim a "inclusão" e entendem que a igreja "exclui", mas deve vir abraçando esses mesmos princípios que se resumem em ter uma visão do sistema econômico vigente como o causador de todos os males humanos e por fim lutar pela implantação de um paraíso socialista, que só não é chamado de divino em respeito a ateus em razão da fala politicamente correta.
 
Como pontuei nesse artigo: "o terceiro grupo [Socialismo], que nasceu em oposição ao capitalismo do imperialismo babilônico [americano] (dualismo necessário 6X9), [para que] preparasse o caminho de maneira ao último grupo [a ONU e os princípios de Baha'u'llah] entrasse em pleno vigor." Se faz necessário então dividir as ações de todas as instituições do mundo (e a igreja como uma) no campo materialista, que no caso em análise foi desconsiderar as criticas ao papa em relação a sua posição doutrinária (que de nada servem ao mundo, que inclusive tenta aboli-las) e considerar apenas as que estão no âmbito econômico. Perceba que no próprio texto da Revista Fórum, que me incitou a criar esse post, apresenta os críticos de Francisco oriundos do EUA, ou seja, a tentativa da imprensa em mostrar o cenário apenas se baseando na materialidade do assunto é bem perceptível de modo que vemos no texto a ideia de que os EUA são um atraso ao progresso (e os dez chifre odiarão a prostituta Ap 17:16). Nesse caso exclui-se o termo "comunismo", que é o objetivo do socialismo, e coloca-se em seu lugar o termo "progresso", pela mesma maneira como trocou-se na ONU o termo "metas" por "objetivos", ou seja, um afrouxamento em relação ao futuro, e a permissão para que possa ser implantada então a Ordem Mundial de Baha'u'llah.
 
Mas qual a relevância de tudo isso para a questão do "comprar e vender"? Ao admitir que a marca da besta está sobretudo no campo ético/espiritual do cidadão global, vemos justamente que é esse sentimento inaugural que o faz sentir a necessidade de se preocupar com as questões econômicas. O reino de Deus para os marcados da besta é um reino terreno, evolutivo - está em progresso - e que parte da relação do homem para com o próprio homem, relação essa que é a base da religião social.
 
Apesar do post partir de uma análise feita da Igreja Católica, no título coloquei simplesmente "igreja" por entender que esse não é um processo de exclusividade da ICAR. Para entender basta vermos a briga constante entre os blogues Júlio Severo e Genizah e suas defesas às teologias respectivamente da Prosperidade e Missão Integral, que a grosso modo pode ser entendida como teologias de correntes capitalistas e socialistas, também respectivamente.

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