sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A ferida está sendo curada

Existem geralmente duas maneiras comuns[1] dos cristãos se agarrem à ideia de que "o fim está próximo" e consequentemente o retorno de Cristo. A mais comum é também a que mais se aproxima do pensamento das religiões arcaicas[2], que é ver sinais na natureza que indiquem o retorno do messias. Isso gera um tumulto desnecessário dentro da área escatológica toda a vez que um terremoto, tsunami ou coisa semelhante acontece pelo mundo. Outra forma mais correta de encontrar "sinais" de que "Cristo está voltando" estaria na análise não na natureza, mas no homem. Digo mais correta devido a bíblia fundamentar muito mais esse ponto de vista do que o primeiro.

Acontece que esta última carrega consigo uma possibilidade de erro tanto quanto a primeira e pode causar tumulto desnecessário em relação a "alertas para últimos dias" e coisa do tipo. Por exemplo, afirmar que o casamento gay é um indicativo para a volta de Jesus é de um tanto absurdo. Até porque sabemos que o pior ainda não chegou, quando se manifestarem massivamente os ativistas da pederastia e pedofilia aí a coisa começa a ficar feia...


Onde eu quero chegar... Nessa postagem (clique aqui) eu esclareci o meu ponto de vista a respeito da ferida que a besta recebeu de espada, a qual coloquei como sendo o evangelho de Cristo e o estabelecimento do seu reino, da crucificação à parúsia. Nesse contexto, a cura da ferida seria a eliminação da verdade do evangelho no mundo contemporâneo, culminando na manifestação do cristo cósmico como a resposta para o tempo apostata que se figurou a partir dessa negação.
Em entrevista à psicóloga Valerie Tarico, Winel disse que os sintomas do STR inclui, além da ansiedade, depressão, dificuldades cognitivas e degradação do relacionamento social. “Os ensinamentos e práticas religiosas, por vezes, causam danos graves na saúde mental.” 
“No cristianismo fundamentalista, o indivíduo é considerado depravado e tem necessidade de salvação”, afirmou. “A mensagem central é ‘você é mau e merece morrer, porque o salário do pecado é a morte. [...] Já tive pacientes que, quando eram crianças, se sentiam perturbados diante da imagem sanguinolenta de Jesus pagando pelos pecados deles.”
(Daqui)
O objetivo dos discursos anti-cristãos, como exemplo, o das minorias, quando estas veem a igreja como aquilo que bloqueia a aquisição de seus direitos, não se dão com o intuito de suavizar as posições desta em relação aos mesmos. São na verdade partes de um processo muito maior que é o de "abolir todas as verdades absolutas". A religião, em sentido estreito 'o Cristianismo', como porta-voz de uma verdade que se mostra enraizada no absoluto deve então ser minada de todas as maneiras que se mostrarem possíveis. No texto acima o cristianismo não se torna mais cristianismo se não estiver sendo seguido por um "fundamentalista" omo adjetivo.

Nesse post (clique aqui para ir até ele) em que tratei do que chamam de fundamentalismo cristão, o fiz por estarem colocando o cristianismo como fundamentalista na medida em que esse se mostrava contrário ao homossexualismo. Mesmo ai, vemos uma acusação "com causa", ou seja, se uma igreja não se mostrasse oposta ao movimento LGBT, essa logo não seria "fundamentalista". Mas no texto que apresentei acima, quando o cristianismo se torna fundamentalista pelo fato da mensagem central ser o homem precisando de Cristo para alcançar a salvação, não sobra uma igreja sequer que não seja fundamentalista, pois se há uma igreja, por mais apostata em alguns sentidos que essa seja, que não acredite que Cristo seja a única salvação para o homem pecador, essa não é de fato uma igreja cristã.

A condenação do homem a partir do pecado, seja ele qual for, é proveniente da lei. Vejamos como exemplo a imagem deste outdoor ao lado, que é motivo para acusação de homofobia. A exortação em evidência é a passagem de Levítico, que compõe o cânon referente às leis dadas por intermédio de Moisés. A condenação só há para quem está sob o julgo da lei. A única maneira de sair desse julgo é mediante a graça de Cristo, mas para isso é necessário que o homem reconheça o estado de pecador (pela lei vem o conhecimento do pecado. Rm 3:20), para que esse possa vir a ser justificado pela graça. Essa é a lógica da salvação, é simples. Mas quando a "imagem sanguinolenta de Jesus pagando pelos pecados" se torna então o motivo para condenar o cristianismo ao hall das religiões do mal, já não há nada o que fazer.
E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fimMateus 24:14
Em suma, o que se está colocando em cheque (fundamentalismo) não é o evangelho das aparências, da acusação e que tende à lei mosaica. Mas o que se está a fazer é por descrédito total da graça de Cristo através de seu sacrifício na cruz. Quando isso acontece perde-se a possibilidade da pessoa alcançar o reino pela fé no evangelho, mesmo esse evangelho já tendo sido pregado.

Notas
[1] Que só foi possível após a introdução do pensamento iluminista na cultura ocidental. Ver: A imanentização escatológica e o iluminismo.
[2] Profecias como as luas de sangue nos remetem aos tempos que os antigos viam manifestações naturais como intervenção direta das divindades. Ver: Sinais para o que?

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