sábado, 15 de março de 2014

A natureza hegeliana do Executivo Mundial

As análises bíblico-escatológicas mais conhecidas no meio evangélico parecem percorrer um mesmo caminho que coloca a figura de um anticristo como ponto central. Esse é talvez o maior erro que podem cometer. E por que isso acontece? Porque essas pessoas tendem a  querer condensar todo o mal em algo ou alguém e, quando este "mal" está "distribuído", não conseguem enxergá-lo, pois estão acostumadas com super vilões. Tente dizer que existem por aí milhares de anticristos e filhos da perdição para essas pessoas e elas vão dizer que tais termos referem-se a uma pessoa em especial e não à várias. Esse super anticristo nunca existirá, o que será um grande problema se alguém depender disso para perceber que é o tempo do fim, se perceber já será tarde.

Superada a primeira impressão a respeito do anticristo, podemos entender o papel do Executivo Mundial na Nova Ordem Mundial sem que para isso eu o coloque em uma esfera de importância que ele não tenha.

Primeiramente, devemos compreender que a Ordem Mundial segundo Baha'u'llah deve ser uma espécie de monarquia constitucional, tal como o modelo britânico. Outra coisa que devemos entender é que não é só porque Baha'u'llah afirmou uma coisa que ela será por esse motivo. Abdu'l-bahá, em suas palestras na Europa no início do século XX, afirmou que do oriente vinha a luz da espiritualidade e do ocidente a liberdade e o agir do governo. Nesse sentido, o que "de bom" (bom para quem?) foi produzido a partir do século XIX (século do advento da fé baha'i) o foi em decorrência dos reflexos das luzes a qual o cristo cósmico havia emanado. Em outras palavras, quem quer que esteja a defender um modelo de monarquia constitucional não o faz diretamente em decorrência do que Baha'u'llah disse, mas do que alguém do ocidente disse.

Este "alguém do ocidente" neste caso é Hegel. O modelo de governo defendido pela fé baha'i é assumidamente de origem divina. Segundo Hegel, se temos um governo que é justificado por algo superior e de conhecimento exterior (natureza transcendental), tal como a Ordem Mundial de Baha'u'llah, ela está em si só condenando todos à alienação. A solução estaria na personificação dos governados na figura do governante, em outras palavras, é preciso que exista um "idiota como todos os outros". Para Hegel, o monarca é apenas a representação  de todos, e levando para o nosso lado, se o executivo mundial é o anticristo ele só o é porque há tantos outros milhares de anticristos para serem governados.

Idiota como todos os outros

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