sábado, 12 de abril de 2014

O Multiculturalismo Emancipatório

As relações interculturais, resultado direto de um mundo globalizado, trouxeram consigo certas manifestações provenientes de uma busca por identificação (contraste) de determinadas culturas, que a longo prazo se transformaram em racismo, xenofobia, etnocentrismo, face às outras. Em oposição a essa tentativa de alcançar uma identidade cultural particular dentro de uma comunidade, surge a sociedade multicultural.

Nossa sociedade contemporânea, a qual é ela mesma em dimensões macrocósmicas a reencarnação da torre de babel e, como tal, com o intuito de não ter sobre si o mesmo fim da original, está a procurar mecanismos que assegurem uma boa relação entre os povos. Nesse sentido, não é apenas o problema linguístico, como foi na torre de babel inaugural, que ameaça abalar a construção da "cidade celestial", mas também uma infinidades de outras manifestações culturais. 

O Pluralismo Cultural enquanto um arranjo espontâneo de uma sociedade qualquer traz um crescimento saudável e natural a esta mesma. Mas há um gravíssimo problema quando esse se torna uma manobra engenhada por uma elite reguladora social, com propósitos maquinados por esta. Essa engenharia social é sustentada pela noção de Multiculturalismo Emancipatório[1], na qual a emancipação gira em torno dos conceitos de harmonia e tolerância.

O Multiculturalismo é, portanto, a ação de uma elite política em uma comunidade onde:

1/ no caso de essa ser monocultural e essa cultura predominante ir contra os interesses progressistas dessa elite, haja um esforço em quebrar a hegemonia dessa cultura; 

2/ no caso de essa já ser multicultural em sua formação, haja um esforço em tornar as culturas atuantes cada vez mais hibridas e com mais elementos sincréticos, em pontos estratégicos dessa cultura, como a crença religiosa por exemplo.

Tomemos como exemplo o Estado Brasileiro da Bahia, lugar onde templos acolhem católicos e adeptos de religiões afro-brasileiras harmoniosamente, tornando-se um referencial para o restante do mundo. Nessa hora, é impossível não lembrar das palavras de Abdu'l-bahá:  
[...] a cidade da Bahia, situada na costa leste do Brasil. Devido ao fato de ser conhecida por este nome há algum tempo, sua eficácia será muito potente [...]  esta cidade foi batizada pelo nome de BAHIA e isso foi, sem dúvida, através da inspiração do Espírito Santo…
Em suma, o neo-gnosticismo das elites políticas busca alcançar a emancipação (social, econômica, espiritual, etc) da humanidade que esbarra na ideia de salvação do gnosticismo da antiguidade tardia. Essa nova cara do gnosticismo é essencial para a consolidação da Nova Ordem Mundial de Baha'u'lláh, sobretudo por este prometer a salvação coletiva, imanente e terrena.

Nota:

[1] Termo originalmente criado por Boaventura de Souza Santos.

Fontes:


http://www.curriculosemfronteiras.org/vol3iss2articles/boaventura.pdf
http://www.gpmina.ufma.br/pastas/doc/Multiculturalismo%20e%20Sincretismo.pdf

http://apocalipsetotal.wordpress.com/2010/07/08/a-bahia-e-o-coracao-espiritual-da-nova-ordem-mundial-no-brasil/

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