sábado, 31 de janeiro de 2015

A Teologia da Missão Integral e a Mentalidade Revolucionária

Venho acompanhando aqui e ali algum material da Teologia da Missão Integral (TMI) a fim de montar um panorama da mesma que seja o mais justo possível. Seu maior expoente é mais possivelmente Ariovaldo Ramos (foto). O seu maior crítico é o blogueiro Júlio Severo, o qual é também defensor do Neopentecostalismo e da Teologia da Prosperidade, chegando a escrever um livro com o título: Teologia da Missão Integral versus Teologia da Prosperidade, disponível online e gratuitamente em seu blogue. 

O debate é bastante conturbado, sobretudo na questão de a TMI ser possivelmente uma nova roupagem, protestante, da Teologia da Libertação e, portanto, marxista. Essa é a principal crítica feita por Júlio Severo. Ariovaldo já se pronunciou afirmando que a TMI "não lança mão do referencial teórico do marxismo". Em uma "carta aberta" direcionada à recente exposição do tema no programa Academia em Debate na Tv Mackenzie, em relação a afirmação de que a TMI possa ser "uma espécie de marxismo disfarçado", Ariovaldo ressalta a TMI como uma proposta Ortodoxa, mas que apenas amplia a concepção da missiologia da Igreja.

O que deveria estar claro, mas que por algum motivo é ignorado, não é "o quão marxista" possa ser a Teologia da Missão integral, e sim aquilo que a faz se aproximar da Teologia da Libertação e consequentemente ao marxismo: a intersecção entre aquilo que seriam as bases da TMI com as caraterísticas do pensamento revolucionário moderno.


O pensamento revolucionário não se manifesta tão somente no marxismo. Por vezes pode ocorrer de intitularem tudo quanto tiver características da mentalidade revolucionária de marxismo, talvez pelo fato de no marxismo o pensamento revolucionário ser mais evidente. Acontece que a mentalidade revolucionária como fenômeno neognóstico deveria ser considerado nas análises, mas não o é e, em decorrência disso, tomei eu mesmo a liberdade de o fazer, resumidamente.

A primeira semelhança que é encontrada da TMI com a mentalidade revolucionária baseia-se na retorno ao profetismo hebraico. Ariovaldo afirmou que o conceito de justiça no profetismo hebraico é um conceito o qual a Missão Integral se estriba na recuperação. Tal como a TMI, a mentalidade revolucionária moderna busca recuperar o profetismo hebraico e a sua noção de justiça (Ler: O messianismo judaico e a mente revolucionária moderna). Cristo foi morto justamente pelo fato de estar na contra mão da noção de justiça materialista e temporal herdada pelo povo hebreu, pois Jesus anunciou um "futuro de Justiça" dentro de uma "dimensão espiritual". 

Existe um jogo antitético moderno x antigo no modo como a mentalidade revolucionária lida quanto à perfeição da realidade de mundo por qual esta busca. 

Pela terminologia de Roger Griffi, o anseio de retorno às origens pelo movimento revolucionário é chamado de palingênica (palin + genesis, retorno à origem), o qual busca findar-se naquilo que seria a reconstrução do Éden, podendo ser visto em pregações de preletores como Benny Hinn e Myles Muroe através do "plano de Deus". Entretanto, a Teologia da Missão Integral se encaixa com o termo  que o filósofo Eric Voegelin costuma usar: fé metastática, que designa a crença na transformação da estrutura da realidade em uma nova e inédita. Podemos perceber isso a partir da "doutrina da pedra".

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