domingo, 11 de janeiro de 2015

A ambiguidade na manifestação em Paris

Acontece hoje a manifestação em Paris pela liberdade de expressão em decorrência ao atentado à redação de Charlie Hebdo na quarta feira (7). Essa manifestação tem dois objetivos: unir os franceses e dividir os franceses.

O presidente francês François Hollande tem estado em seu pior momento desde que assumiu a presidência. As pesquisas indicavam uma quase unanimidade entre os franceses que Hollande não deveria tentar se reeleger. Em um sistema isolado a entropia só pode aumentar, ou seja, a tendência era só perda de prestígio para o presidente, a menos que houvesse uma interferência externa que reconciliasse os franceses com Hollande nem que por um momento. Foi o que aconteceu.

François Hollande pediu a união dos franceses nesse momento: "Queria pedir a união da nossa sociedade, que significa que temos que lutar contra tudo que possa nos dividir." O medo para com um inimigo externo é um importante ingrediente para o aumento de um sentimento entre os iguais, algo semelhante com Bush e os americanos no atentado de 11 de setembro. Entretanto, deve-se tomar cuidado com a escolha do inimigo: ele nunca pode ser tão visível.

Hollande continua: "Temos que ser implacáveis contra o racismo e o antissemitismo (...) Essas pessoas que cometeram esses atos dramáticos não têm nada a ver com a religião muçulmana". O inimigo tem de ser externo e invisível. É aqui que entra o segundo objetivo da ambígua marcha: dividir os franceses. A Frente Nacional francesa, que representa pelo menos 20% da população da França, já se pronunciou ser contra a manifestação e, diferentemente do Partido Socialista de Hollande, não vê o inimigo tão abstratamente, condenando a imigração em massa.

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