quarta-feira, 16 de julho de 2014

O sintoma do discurso antitético quanto ao futuro

Após o fiasco da seleção brasileira de futebol na sua segunda copa do mundo em casa, a mídia parece está certa de qual a solução a ser tomada para que se melhore o desempenho da equipe. Na verdade, na verdade, ela não sabe. Num dado momento fala-se de atraso ante à modernidade do futebol, em outro momento estão certos de que é preciso voltar às origens do futebol.

É claro que o futebol não nos interessa aqui, mas é importante se atentar para esse sintoma antitético da mídia, engrossado com uma característica positivista do empobrecimento da realidade. Essa característica mutila a possibilidade.

Dentro de um jogo encontramos três elementos básicos que o compõe: a facticidade (as regras do jogo), a consciência (a capacidade do jogador) e a possibilidade (que surge quando a consciência lida com as regras do jogo). Um atacante (consciência) na área, por exemplo, é uma possibilidade de gol, desde que não esteja em situação de impedimento (facticidade das regras).

A possibilidade significa que o gol pode acontecer ou não. A mídia positivista tenta neutralizar os elementos do jogo numa tentativa de racionalizar a eliminação e entra na exaltação de um determinismo fatalístico: Se em 2010 a seleção foi eliminada pela perda da velha maneira de jogar brasileira, a qual pôde ser vista no jogo das seleções européias, em 2014 a seleção foi eliminada pela velha maneira de jogar, que foi um atraso em relação ao modernismo do futebol europeu. Ironicamente a ordem e progresso ficou a cabo da seleção alemã, com a ordem do incansavelmente repetido pela mídia "jogo coletivo" e o progresso tecnológico com direito a software exclusivo para a copa.


Esse jogo antitético moderno x antigo não é de exclusividade da mídia esportiva, mas é um sintoma do homem pós-moderno oriundo do modo como a mentalidade revolucionária lida quanto à perfeição. Se sairmos do jogo de futebol e formos para a "realidade do mundo", vamos ver que esse sintoma é o mesmo quando se trata não mais da "seleção que queremos" mas do "mundo que queremos". Por um lado se quer um mundo novo, moderno,  uma realidade nunca antes atingida pela humanidade, mas por outro lado se quer um retorno aos grandes tempos do passado, a uma realidade anterior.

O desejo de retorno às origens pelo movimento revolucionário é chamado ― pela terminologia de Roger Griffin de palingênica (palin + genesis, retorno à origem), dentro das igrejas pode ser visto em pregações de preletores como Benny Hinn e Myles Muroe através do "plano de Deus" findando em um reino milenarista (reconstrução do Éden). Do outro lado, o filósofo Eric Voegelin usava o termo fé metastática para designar a crença na transformação da estrutura da realidade em uma nova e inédita, tal como acredita a Teologia da Missão Integral com a "doutrina da pedra".

Fontes:
http://espectivas.wordpress.com/2011/04/01/leibniz-e-a-quantica/#more-27499
http://cinegnose.blogspot.com.br/2014/07/midia-esportiva-sofre-de-transtorno.html
http://espectivas.wordpress.com/2012/10/17/carlos-fiolhais-e-bem-vindo-a-realidade-complexa/#more-51881

Um comentário:

  1. O que acha de alguns estarem se voltando para a simplicidade do evangelho.

    https://www.facebook.com/groups/1464550993778819/

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