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domingo, 19 de julho de 2015

A Negação da Linguagem

Antes de entender como a linguagem tem sido tratada em nosso tempo pela elite de intelectuais neognósticos, a fim de avançar a agenda da Nova Ordem Mundial, é preciso que entendamos o avanço desse pensamento, por sua natureza anti-cristã, desde as heresias gnósticas dos primeiros séculos depois de Cristo.

A escola gnóstica de Basílides pregava uma negação da linguagem, pois ela seria insuficiente para o alcance da salvação, já que a linguagem sendo produto da experiencia de uma realidade cósmica ilusória era ela também ilusória e, portanto, instrumento de dominação de um demiurgo (ou Arconte). A saída, segundo o que se receitava aos iniciados, era a negação da linguagem a partir de um estado de suspensão. Para Basílides, o Absoluto é o Não-Ser, pois ele não pensa ou percebe nada, fica além do pensamento discursivo.

O movimento revolucionário moderno parte do mesmo principio de negação da realidade. A linguagem não escapa: é mais um mecanismo de reprodução das relações de dominação. No lugar do demiurgo estão as tradições, os costumes, as especificações de gênero, a cultura judaico-cristã etc. Mas se os gnósticos antigos buscavam um escape da linguagem, através do silencio absoluto por exemplo, o movimento revolucionário moderno não se cala, mas busca a conversão da linguagem da dominação para a linguagem da inclusão.
Movimente Revolucionárie luta por ume linguagem mais inclusiva, para que todes possam ser respeitades.
Podemos resumir esse raciocínio da seguinte forma: 

1. os gnósticos antigos negavam totalmente a 'realidade' da linguagem e procuravam escapar para o 'além', através de um estado de suspensão;

2. os gnósticos modernos negam a 'realidade' da linguagem e tentam impor sobre ela a ordem do 'além' (por uma critica destrutiva da sociedade) em uma 'realidade transformada'.

Por "ordem do além" entenda-se o mundo paralelo inventado pelos ideólogos e entendido como o produto da ação revolucionária: o "mundo melhor", a "reconstrução do paraíso", "o reino de deus na terra", a "plenitude dos tempos" etc. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Um retrato do que se transformou o "pai nosso" no movimento gospel

Pai Nosso

Ministério Pedras Vivas


Pai nosso nos céus
Santo é o Teu nome
Teu reino buscamos
Tua vontade seja feita
Na terra como é nos céus
Deixa o céu descer
Na terra como é nos céus
Deixa o céu descer
Faz tempo que eu venho notando no que a oração canônica do Pai Nosso vem se reduzindo dentro do movimento gospel. A princípio, notei a retirada do princípio transcendental da oração, e consequentemente do próprio Cristianismo: Seja feita a Vossa vontade. Cristo mostra que sobretudo é a vontade de Deus que deve prevalecer. Entretanto, o movimento gospel se preocupa em pedir o Vosso reino na Terra como no Céu (quanto a isso, veja aqui). Assim na Terra como no Céu diz respeito à vontade de Deus e não ao Vosso Reino.
A canção que abre a postagem aparentemente não rejeita o elemento divino transcendental "Tua vontade", porém insiste em associar uma "celestificação" da Terra, apregoando o princípio hermético de que o que está embaixo (Terra 666) deve vir a ser como o que está em cima (Céu 999).
Fazer o Céu descer quase sempre está associado às sensações sentidas durante o recitar dos mantras gospel as quais se atribuem ao agir do "espírito santo". O que inicia a era dourada da Nova Era e do mundo enquanto Nova Ordem Mundial de Baha'u'llah coincidem com as orações do movimento gospel: uma Terra celestial advinda após a certeza da visitação do espírito santo aos corações humanos.
A nossa morada não é a Terra, Cristo não ora para que Deus transforme-a em um Céu. Temos o Seu Reino invisível em nós, e será esse "nós" que Ele tomará para si.

sábado, 31 de janeiro de 2015

A Teologia da Missão Integral e a Mentalidade Revolucionária

Venho acompanhando aqui e ali algum material da Teologia da Missão Integral (TMI) a fim de montar um panorama da mesma que seja o mais justo possível. Seu maior expoente é mais possivelmente Ariovaldo Ramos (foto). O seu maior crítico é o blogueiro Júlio Severo, o qual é também defensor do Neopentecostalismo e da Teologia da Prosperidade, chegando a escrever um livro com o título: Teologia da Missão Integral versus Teologia da Prosperidade, disponível online e gratuitamente em seu blogue. 

O debate é bastante conturbado, sobretudo na questão de a TMI ser possivelmente uma nova roupagem, protestante, da Teologia da Libertação e, portanto, marxista. Essa é a principal crítica feita por Júlio Severo. Ariovaldo já se pronunciou afirmando que a TMI "não lança mão do referencial teórico do marxismo". Em uma "carta aberta" direcionada à recente exposição do tema no programa Academia em Debate na Tv Mackenzie, em relação a afirmação de que a TMI possa ser "uma espécie de marxismo disfarçado", Ariovaldo ressalta a TMI como uma proposta Ortodoxa, mas que apenas amplia a concepção da missiologia da Igreja.

O que deveria estar claro, mas que por algum motivo é ignorado, não é "o quão marxista" possa ser a Teologia da Missão integral, e sim aquilo que a faz se aproximar da Teologia da Libertação e consequentemente ao marxismo: a intersecção entre aquilo que seriam as bases da TMI com as caraterísticas do pensamento revolucionário moderno.


O pensamento revolucionário não se manifesta tão somente no marxismo. Por vezes pode ocorrer de intitularem tudo quanto tiver características da mentalidade revolucionária de marxismo, talvez pelo fato de no marxismo o pensamento revolucionário ser mais evidente. Acontece que a mentalidade revolucionária como fenômeno neognóstico deveria ser considerado nas análises, mas não o é e, em decorrência disso, tomei eu mesmo a liberdade de o fazer, resumidamente.

A primeira semelhança que é encontrada da TMI com a mentalidade revolucionária baseia-se na retorno ao profetismo hebraico. Ariovaldo afirmou que o conceito de justiça no profetismo hebraico é um conceito o qual a Missão Integral se estriba na recuperação. Tal como a TMI, a mentalidade revolucionária moderna busca recuperar o profetismo hebraico e a sua noção de justiça (Ler: O messianismo judaico e a mente revolucionária moderna). Cristo foi morto justamente pelo fato de estar na contra mão da noção de justiça materialista e temporal herdada pelo povo hebreu, pois Jesus anunciou um "futuro de Justiça" dentro de uma "dimensão espiritual". 

Existe um jogo antitético moderno x antigo no modo como a mentalidade revolucionária lida quanto à perfeição da realidade de mundo por qual esta busca. 

Pela terminologia de Roger Griffi, o anseio de retorno às origens pelo movimento revolucionário é chamado de palingênica (palin + genesis, retorno à origem), o qual busca findar-se naquilo que seria a reconstrução do Éden, podendo ser visto em pregações de preletores como Benny Hinn e Myles Muroe através do "plano de Deus". Entretanto, a Teologia da Missão Integral se encaixa com o termo  que o filósofo Eric Voegelin costuma usar: fé metastática, que designa a crença na transformação da estrutura da realidade em uma nova e inédita. Podemos perceber isso a partir da "doutrina da pedra".

sábado, 15 de novembro de 2014

Construir o "reino de Deus na terra" é falta de fé

Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra? Lucas 18:8
Uma característica da sociedade nesses últimos dias tem sido a falta de fé. Esse é um sintoma da mentalidade revolucionária, que é o retorno do pensamento gnóstico da antiguidade tardia. Tal como foi oposição à Igreja primitiva o gnosticismo da época, hoje nos é oposição o neo-gnosticismo das religiões politicas.

O gnosticismo vê a fé como "sintonia com o divino". É como se Deus se estabelecesse por certa frequência, e só os que estariam sintonizados possuiriam a verdadeira fé. Desse modo, só possuem fé hoje aqueles que estão em consonância com o espírito do tempo, mas precisamente com o espírito insuflado do cristo cósmico Baha'u'llah.

O começo da ansiedade é o fim da fé. Dentro das devidas proporções, pode-se ter por ansiedade a tentativa de imanentizar o eschaton dos movimentos que tentam trazer o céu para a terra. A ansiedade do homem vence a fé e faz com que este tente, por seus próprios meios, alcançar o paraíso ao qual lhe foi prometido.

Não há, para nós, nenhuma obrigação imputada de construir "o Reino de Deus na terra". Isso não pode ser justificado, mesmo que alguns insistam, como "preparar o caminho do Senhor". Preparar o caminho é apenas assegurar que haja um número de almas abertas à voz da palavra. Enquanto isso, esforçar-se para impedir que a sociedade se torne um abismo no qual todas as almas se perdem.

sábado, 30 de agosto de 2014

Mais notas sobre o futuro

Deus já não é acessível ao Homem moderno. A significação dada pela doutrina bíblica para repetição dos “gestos” da natureza foi abandonada. Com isso, a repetição desses "gestos" sem um propósito à vista dos homens conduz a uma visão pessimista da existência.
O que é, afinal, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; mas se me perguntarem e eu quiser explicar o que ele é, já não sei. — Santo Agostinho
Santo Agostinho, por exemplo, considerava o tempo como cíclico, o qual alternaria-se para além dos movimentos da natureza planetária também entre o período profano e o sagrado.  Essa concepção  de tempo acompanhou o pensamento humano enquanto este via Deus como soberano nessa questão, "o futuro a Deus pertence" dizia o senso-comum.  Para o Homem neo-gnóstico, o Tempo cíclico torna-se insuportável na medida em que se revela como um círculo rodando indefinidamente sobre si.

A partir do movimento iluminista, o homem tenta "tomar as rédeas do seu próprio destino" compreendendo que o futuro não pertence a outro senão a ele mesmo. Dessa maneira, os movimentos que pregam a vinda de um reino de paz e harmonia ganham força quando o homem se vê como um empreendedor dessa realidade utópica.

A revelação progressiva defendida por Bahá'u'lláh assume a posição de crescente sagrado, ou seja, o amadurecimento espiritual da humanidade é algo dado com certo. Neste sentido, os homens que se acham representantes do seu tempo, em oposição ao retrógrados que se opõe (como os verdadeiros cristãos), são tomados como exemplos desse dito amadurecimento espiritual. Basta vermos os engajados em agendas das Nações Unidas,  considerados auxiliadores da causa divina.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O sintoma do discurso antitético quanto ao futuro

Após o fiasco da seleção brasileira de futebol na sua segunda copa do mundo em casa, a mídia parece está certa de qual a solução a ser tomada para que se melhore o desempenho da equipe. Na verdade, na verdade, ela não sabe. Num dado momento fala-se de atraso ante à modernidade do futebol, em outro momento estão certos de que é preciso voltar às origens do futebol.

É claro que o futebol não nos interessa aqui, mas é importante se atentar para esse sintoma antitético da mídia, engrossado com uma característica positivista do empobrecimento da realidade. Essa característica mutila a possibilidade.

Dentro de um jogo encontramos três elementos básicos que o compõe: a facticidade (as regras do jogo), a consciência (a capacidade do jogador) e a possibilidade (que surge quando a consciência lida com as regras do jogo). Um atacante (consciência) na área, por exemplo, é uma possibilidade de gol, desde que não esteja em situação de impedimento (facticidade das regras).

A possibilidade significa que o gol pode acontecer ou não. A mídia positivista tenta neutralizar os elementos do jogo numa tentativa de racionalizar a eliminação e entra na exaltação de um determinismo fatalístico: Se em 2010 a seleção foi eliminada pela perda da velha maneira de jogar brasileira, a qual pôde ser vista no jogo das seleções européias, em 2014 a seleção foi eliminada pela velha maneira de jogar, que foi um atraso em relação ao modernismo do futebol europeu. Ironicamente a ordem e progresso ficou a cabo da seleção alemã, com a ordem do incansavelmente repetido pela mídia "jogo coletivo" e o progresso tecnológico com direito a software exclusivo para a copa.


Esse jogo antitético moderno x antigo não é de exclusividade da mídia esportiva, mas é um sintoma do homem pós-moderno oriundo do modo como a mentalidade revolucionária lida quanto à perfeição. Se sairmos do jogo de futebol e formos para a "realidade do mundo", vamos ver que esse sintoma é o mesmo quando se trata não mais da "seleção que queremos" mas do "mundo que queremos". Por um lado se quer um mundo novo, moderno,  uma realidade nunca antes atingida pela humanidade, mas por outro lado se quer um retorno aos grandes tempos do passado, a uma realidade anterior.

O desejo de retorno às origens pelo movimento revolucionário é chamado ― pela terminologia de Roger Griffin de palingênica (palin + genesis, retorno à origem), dentro das igrejas pode ser visto em pregações de preletores como Benny Hinn e Myles Muroe através do "plano de Deus" findando em um reino milenarista (reconstrução do Éden). Do outro lado, o filósofo Eric Voegelin usava o termo fé metastática para designar a crença na transformação da estrutura da realidade em uma nova e inédita, tal como acredita a Teologia da Missão Integral com a "doutrina da pedra".

Fontes:
http://espectivas.wordpress.com/2011/04/01/leibniz-e-a-quantica/#more-27499
http://cinegnose.blogspot.com.br/2014/07/midia-esportiva-sofre-de-transtorno.html
http://espectivas.wordpress.com/2012/10/17/carlos-fiolhais-e-bem-vindo-a-realidade-complexa/#more-51881

sábado, 5 de julho de 2014

Pastores se manifestam favoravelmente à ditadura petista


Numa campanha de pressão sobre os deputados e senadores, cada um deles recebeu, nesta primeira semana de julho de 2014, um email contendo manifesto assinado por diversos pastores e líderes evangélicos conhecidos. O manifesto, que tem a intenção de representar a vontade da maioria dos evangélicos do Brasil, dá apoio total ao Decreto 8.243/2014, assinado pela presidente Dilma Rousseff e que foi classificado pelo colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo como um golpe que extingue a democracia no Brasil.
Daqui 
Quem encabeça a lista é o pastor ― simpatizante de Hugo Chávez   Ariovaldo Ramos, uma das principais figuras da Teologia da Missão Integral. Apesar da maioria das criticas feitas à TMI serem quanto a uma tendência socialista da mesma, essa percepção é superficial e produto da guerra dialética rumo a implantação da ordem mundial do cristo cósmico Baha'u'llah.

A TMI não defende abertamente a implantação de uma ordem socialista ou comunista,  apesar do texto em epígrafe do blogueiro Júlio Severo. Entretanto, vejamos como o seu discurso se aproxima de uma visão favorável ao modelo bahaísta:
A ênfase da reflexão da TMI, sobre a prática da Igreja, voltada para o cotidiano, parte da proposição do Prof Padilla (...) A proposição de Padilla se sustenta na declaração do Senhor Jesus, de que o Evangelho é do Reino (Mt 24.14; Lc 4.43), portanto, tendo como conteúdo as boas notícias da chegada de uma nova ordem mundial (Dn 2.44), manifesta pela Igreja, porém, só implantada na volta visível e triunfal do Cristo. Ariovaldo Ramos, Blog
Segundo Ariovaldo, essa "nova ordem mundial" não é nem capitalista, nem comunista, mas é um resultado de uma intervenção transcendental de Deus, justificada pela passagem de Daniel em que uma pedra é jogada sem o auxílio de mãos à Estátua do sonho de Nabucodonosor: se opõe ao sistema vigente, que se opõe ao sistema capitalista e ao sistema soviético. É um outro sistema que vem não para estar ao lado dos sistemas em pauta, mas para substituí-los, para erradicá-los, escreveu Ariovaldo.

Uma nova realidade para a humanidade revelada progressivamente findada com a ação sobrenatural de justificação divina. Isso resume as visões da fé baha'i e da Teologia da Missão Integral para o plano do reino de deus terreno.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O perigo da "iminência"


É muito comum ao se abordar a escatologia o interlocutor assumir uma postura favorável quanto a uma "iminência". Essa é a mesma postura que encontramos na mentalidade revolucionária, a qual está se encarregando de moldar a opinião pública para que esta dê legitimidade à ação do corpo executivo mundial. E essa postura escatológica fatidicamente adota uma visão milenarista do Reino de Deus, pois essa "iminência" é em relação a uma nova etapa da humanidade, à chegada de uma era que substitua por completo a atual.

Por se adotar uma visão de iminência cai-se em outros dois aspectos: (1) o determinista e o (2) imanentista.

(1) Quando se assume uma ideia determinista de que o "Reino de Deus" está por vir, qualquer coisa que se esteja por vir assumirá o papel desse tal reino.

(2) Como é determinista, a ideia pela qual afirma que "o futuro a Deus pertence" é perdida, fazendo com que a noção de futuro se ache estreitamente dentro de uma esfera imanente ao homem.


Muita gente incube a si próprio a responsabilidade da vinda de Cristo e do seu "reino na terra", a isso chamamos de tentar imanentizar o eschaton, tal como acontece nas religiões políticas que tentam fazer da terra um paraíso de justiça, segundo a sua visão do que seja isto.

Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. 2 Pedro 3:12-13

terça-feira, 27 de maio de 2014

O abismo será destruído

A respeito do que eu acredito que acontecerá com a Terra após a vinda de Cristo: será destruída.
Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. AmémApocalipse 1:7
A vinda de Cristo será um evento único e dará início ao último dia. Entretanto, não devemos compreender este "dia" como sendo de 24 horas, com o nascer e o pôr do sol e tudo o que um dia comum tem direito.

Quando Jesus vier ainda haverão pessoas sobre a terra. Os mortos ressuscitarão para ver sua descida gloriosa. Todos, desde o início dos tempos, o verão. E para o verem, precisam estar sobre a terra. Os fiéis que ressuscitarem subirão para encontrar Jesus nos ares. O fiel que porventura estiver vivo receberá seu corpo incorruptível e será arrebatado, subirá para se juntar aos ressuscitados nos ares. (I Ts 4:16,17)

Mas como Cristo será visto por todos se a terra é redonda e aparecendo de um lado o outro não vê? Não devemos esquecer que Ele vem como Deus Todo Poderoso e que, portanto, pode fazer o que quiser com tempo e espaço. Mas não é somente por isso.
E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles. Apocalipse 20:9

Como podemos ver, é um dia sem precedentes. É o dia o qual ressuscitarão todos os mortos.  O dia da destruição de Satanás e dos que cercavam o povo de Deus. Em que os sepulcros do mundo inteiro de todos os tempos serão abertos, o mar devolverá seus mortos e aqueles que estiverem no além voltaram à vida.

E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Daniel 12:2

É quando Miguel, que é o Senhor Jesus na visão de Daniel (tal como na de João, em apocalipse 12) se levanta a favor do povo de Israel e os livra, segue-se tudo isso o grande julgamento.

Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. Daniel 12:1

Será um longo dia. Um dia em que a noção que temos de tempo/espaço será abalada. Um dia de julgamento para todos aqueles que não tiverem com Cristo nos ares. A Igreja não estará no banco de réus nesse julgamento.


Alguns dizem que a terra será apenas "restaurada", pois a terra para sempre permanece (Ec 1:4). Ou mesmo fazem uma distinção entre dois tempos a respeito do que eu escrevi acima. Mas mesmo uma suposta "renovação" deste mesmo planeta não seria possível de se ocorrer, pois o mar não existirá mais.
E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Apocalipse 21:1
Este 'mar' não é simplesmente água salgada. A besta que emerge do mar (Ap 13:1) é a mesma besta que sobe do abismo (Ap 17:8). O abismo é morte, vemos o mar devolver os mortos (Ap 20:13). Não existirá mais mar pois não haverá abismo nem morte. Os céus e a terra passarão porque foram feitos sobre a face do abismo.
No princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Gênesis 1:1-2

sábado, 17 de maio de 2014

A sensibilidade de Cristo ao indivíduo e o coletivismo da justiça materialista

O chamado "reino de deus na terra" que tanto querem implantar à força, possui características que mais se assemelham à noção do messianismo judaico, como mostrei aqui, do que a noção de Reino que Jesus havia anunciado. Jesus Cristo veio revelar uma realidade na qual a necessidade de transformação individual era muito mais importante que a ação de uma elite que agia em nome do coletivo. Para Cristo, o coletivo (igreja) era o somatório das individualidades. Porém, estão tentando levantar uma igreja de sete cabeças, para que se produza chifres nelas, chifres que estariam no topo e que guiariam os demais.

Jesus Cristo não tomou atitudes coletivas, mesmo seguido de multidões  e um de seus milagres mais conhecidos ser a da multiplicação de alimentos ― Cristo era sensível à individualidade sincera,  "Quem tocou nas Minhas vestes?" (Marcos 5:30b). E essa foi uma das razões pela qual foi assassinadoA ideia do messias revolucionário, o Robin-Hood que tiraria dos ricos e daria aos pobres, não existiu; ao invés dele, veio Aquele que disse a cada um o que deveria ser feito para que a justiça existisse.

A profecia de Jesus não é material ou temporal mas nos garante a companhia do Pai pela eternidade por meio transformação espiritual individual conduzida pelo espirito santo, jamais uma salvação coletiva guiada por uma "elite de iluminados", ou mesmo por uma ação divina extraordinária como querem crer os que defendem o "derramamento do espírito", convertendo a todos simultaneamente e restabelecendo o paraíso na terra. 

terça-feira, 13 de maio de 2014

O messianismo judaico em sua forma atual

Cristo deu um golpe de espada na esperança messiânica da maioria do seu tempo, isso porque a palavra que saia de sua boca tratava de um futuro de justiça perante o Pai dentro de uma dimensão espiritual no Reino de DeusMuitos foram perseguidos e mortos ao reafirmarem a palavra que Cristo havia deixado referente a essa justiça do Reino. Todos esses ― até o último salvo ― reinam desde então com Cristo.
E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Apocalipse 20:4
Entretanto, o messianismo judaico nunca deixou de existir, crendo que ao menos uma remanescência do seu povo fosse responsável por uma futura salvação do mundo material. Hoje estamos adentrando em um período no qual essa esperança é levada ao extremo, com a cura da ferida deixada pela espada, a paz que Cristo nos deixou e a justiça do seu Reino não satisfaz o mundo contemporâneo.

Certamente que, na História, uma ideia não se repete de uma forma exatamente idêntica à inaugural porque o tempo histórico é diferente. É dentro da mentalidade revolucionária que encontramos o movimento messiânico atual que está a perseguir o cristianismo mundo a fora. Retira-se a figura de Iavé e permanece apenas os ideias que o formam, tendenciosamente adaptados e condensados na noção de um cristo cósmico. A noção de "um povo eleito por Deus" permanece, mas fora de uma raça ou nação particular, exaltando a  noção de "cidadãos da terra" e "construtores do Reino".


Em suma, o pensamento messiânico judaico, presente também nas correntes milenaristas dentro do cristianismo (o dispensacionalismo por exemplo), sustenta a mesma ideia dos que estão hoje a destruir o cristianismo no ocidente: um futuro temporal e material governado por um rei de justiça e uma elite eleita.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

A elite pneumática da Ordem Mundial de Bahá'u'lláh

Uma forte característica do gnosticismo da antiguidade tardia era a exaltação da ininteligibilidade do discurso propagado pelos mesmos. Em outras palavras, poucas pessoas conseguiam compreender os ensinamentos gnósticos. Isso era atribuído a noção da existência de um grupo seleto de pessoas capazes dessa que era uma dádiva divina. Essa dádiva era a fagulha espiritual, pneuma, que seria liberto através da gnosis.

O executivo mundial e seus mestres eleitos regidos pelo
número nove - elite pneumática da Ordem Mundial
de Bahá'u'lláh
Os pneumáticos eram portanto um grupo de pessoas dotadas de uma identidade divina que se opunha à ignorância dos demais homens que não a possuíam (os hílicos). Hoje não é difícil a gente perceber essa mesma noção dentro da manifestação de pensamento. Lidamos com uma elite composta por pessoas que se vestem com uma responsabilidade de guiar os demais, devido a esses demais estar vetado o conhecimento superior que essa mesma elite diz possuir.

A grande diferença entre as elites pneumáticas de hoje com as da antiguidade tardia está no processo imanentizante característico do primeiro grupo. A "salvação" através da gnose, no gnosticismo tradicional, é espiritual e transcendental, já a "salvação" no sentido das elites gnósticas modernas é social/histórica. Quanto ao fator espiritual dessa "salvação" neognóstica é muito relativa  mas não haveria ser diferente.


Essa elite busca uma salvação histórica por ser progressista, são representantes do futuro, da tendência do mundo, tendência essa que eles mesmo afirmam e tentam impor aos restantes. Nesse sentido, é comum que os hílicos sejam enxergados como pessoas pegas ao passado, que não conseguem seguir o "curso da história" .

Baha'u'llah escreveu (grifos meus):

Aproxima-se o dia em que Deus terá, por um ato de Sua Vontade, erguido uma raça de homens cuja natureza é inescrutável a todos exceto a Deus, o Todo-Poderoso, O que subsiste por Si próprio. Ele os purificará da mácula das vãs fantasias e dos desejos corruptos, os alçará às alturas da santidade e fará com que manifestem os sinais de Sua soberania e poder sobre a terra. (O Chamado do Senhor das Hostes)
Deseja-se justificar a existência de uma elite (nova raça de homens) cuja natureza seja inescrutável, ou seja, ininteligível, pneumática, para que manifestem um poder sobre os demais — os quais não os compreendem  em nome de "Deus" e de seu "Reino na terra". 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Imanentização: para que um pintor se podemos nos pintar?

Um castelo, jardins floridos e uma floresta ameaçadora, isso foi o que, por razões misteriosas, um pintor deixou incompleto. Três tipos de personagens vivem nesta pintura: os Toupins, que são totalmente pintados, os Pafinis, parcialmente pintados, e os Reufs, que possuem apenas algumas marcas de contornos esboçados. Considerando-se superiores e agraciados pelo pintor, os Toupins possuem o poder, perseguem o Pafinis, e escravizam os Reufs. Convencidos de que somente o pintor pode restaurar a ordem terminando a pintura, um Toupin diferente, uma Pafini aventureira e um Reuf resmungão vão à procura dele. Ao longo da aventura, tentarão sanar suas dúvidas: O que aconteceu com o pintor? Por que ele os abandonou?

A animação francesa O Quadro (Le Tableau) de 2011 traz consigo um conjunto de conceituações mundividenciais próprias dos movimentos místico-religiosos já tão abordados no blogue. O Filme ilustra bem a noção de construção do Reino de Deus na terra pela imanentização em prol da causa de igualdade. 

A realidade é uma obra inacabada

O Quadro da animação é um microcosmo da nossa realidade e assim como tal estava inacabado também a obra do Criador (Pintor) está. Uma coisa interessante destacar é que aquilo que ainda faltava para a obra estar completa não estava na paisagem (natureza), mas nos personagens (Pafinis e Reufs). Esse é o elemento que faz esses movimentos mistico-religiosos estarem engajados socialmente falando num contexto mundial.

O determinismo

O fato da obra estar inacabada acabou por acarretar numa divisão de classes por base nos "níveis de detalhes pintados" presentes nas personagens. Isso fez com que a classe dos Toupins, com maior nível de detalhes pintados, fizesse uso deste determinismo fatalístico para se afirmarem como privilegiados da parte do Pintor e assim morarem no castelo, discriminar os meio pintados, os Pafinis, e escravizar os esboços, os Reufs.

A volta do Pintor

Havia entre as classes dos não inteiramente pintados a crença de que um dia o Pintor tornaria a pintar o quadro, colocando todos em pé de igualdade de detalhes. Essa crença era ridicularizada pelos Toupins, exceto pelo apaixonado Ramo, o qual acreditava que um dia o Pintor completaria a pintura na Pafini pela qual era apaixonado. 

Como o Pintor tardava a voltar, e após um grupo composto pelo Toupin Ramo, um Reuf resmungão e uma jovem Pafini aventureira excederem os limites os quais ninguém até então havia ultrapassado, depois de fugirem das tropas dos Toupins, decidem prosseguir em busca do Pintor.

Essa é uma perfeita ilustração do conceito de imanentização escatológica: Os personagens tinham uma crença no regresso do Pintor (Eschaton), mas como tardava o artista, eles decidiram ir de encontro a Ele (trabalho imanentizante). 

 A união pela transcendência

O personagem principal, o Toupin de nome Ramo, apesar de pertencer à classe alta, se importa com as demais classes e tenta encontrar o Pintor. Essa ação, de negar as bonanças da vida de casta superior em nome da busca do favor divino, foi comum aos manifestantes solares como Siddhartha, Moisés, Krishna, Mirza Husayn, todos esses nasceram em uma linhagem social superior e optaram por serem mensageiros da luz divina.


Os três personagens, e mais tarde o pequeno soldado também, se unem com um mesmo intento: achar o Pintor. O Pintor estava fora da realidade dos Quadros, estava transcendente à sua criação. O princípio que a fé Baha'i se utiliza para sustentar a ideia de unidade das religiões está na transcendência divina (ver), o mesmo conceito utilizado pela chamada Filosofia Perene. Acontece que essa noção de unidade transcendental das religiões é apenas um simulacro que nivela as religiões por um conceito que já está a se perder no tempo. Os personagens não encontraram o Pintor, apenas sua representação em um autorretrato.


A solução


Apesar do fator que uniu os personagens ser a busca do lado de fora pelo Pintor, a solução para o problema da irregularidade da pintura eles encontraram do lado de dentro da própria realidade da pintura. Se a união das religiões é alcançado pelo elemento transcendental da divindade, é na imanentização que a solução dos problemas de fato é encontrada. Os personagens percebem que eles mesmos tinham a capacidade de mudar a realidade, desistiram da busca pelo Pintor e decidiram procurar diretamente a tinta.

Conclusão

A marca da besta na mão direita do homem é ação imanentizadora do processo escatológico, passando ao homem a responsabilidade da construção de novos céus e novas terras. A marca de Deus na fronte dos escolhidos é a fé e a certeza (a fé não possui incertezas) de sua salvação por intermédio unicamente de Jesus Cristo. O homem contemporâneo tem fobia da fé por isso coloca toda a sua confiança em si mesmo e na força de seu braço.
Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor. Jeremias 17:5-7

sábado, 12 de abril de 2014

O Multiculturalismo Emancipatório

As relações interculturais, resultado direto de um mundo globalizado, trouxeram consigo certas manifestações provenientes de uma busca por identificação (contraste) de determinadas culturas, que a longo prazo se transformaram em racismo, xenofobia, etnocentrismo, face às outras. Em oposição a essa tentativa de alcançar uma identidade cultural particular dentro de uma comunidade, surge a sociedade multicultural.

Nossa sociedade contemporânea, a qual é ela mesma em dimensões macrocósmicas a reencarnação da torre de babel e, como tal, com o intuito de não ter sobre si o mesmo fim da original, está a procurar mecanismos que assegurem uma boa relação entre os povos. Nesse sentido, não é apenas o problema linguístico, como foi na torre de babel inaugural, que ameaça abalar a construção da "cidade celestial", mas também uma infinidades de outras manifestações culturais. 

O Pluralismo Cultural enquanto um arranjo espontâneo de uma sociedade qualquer traz um crescimento saudável e natural a esta mesma. Mas há um gravíssimo problema quando esse se torna uma manobra engenhada por uma elite reguladora social, com propósitos maquinados por esta. Essa engenharia social é sustentada pela noção de Multiculturalismo Emancipatório[1], na qual a emancipação gira em torno dos conceitos de harmonia e tolerância.

O Multiculturalismo é, portanto, a ação de uma elite política em uma comunidade onde:

1/ no caso de essa ser monocultural e essa cultura predominante ir contra os interesses progressistas dessa elite, haja um esforço em quebrar a hegemonia dessa cultura; 

2/ no caso de essa já ser multicultural em sua formação, haja um esforço em tornar as culturas atuantes cada vez mais hibridas e com mais elementos sincréticos, em pontos estratégicos dessa cultura, como a crença religiosa por exemplo.

Tomemos como exemplo o Estado Brasileiro da Bahia, lugar onde templos acolhem católicos e adeptos de religiões afro-brasileiras harmoniosamente, tornando-se um referencial para o restante do mundo. Nessa hora, é impossível não lembrar das palavras de Abdu'l-bahá:  
[...] a cidade da Bahia, situada na costa leste do Brasil. Devido ao fato de ser conhecida por este nome há algum tempo, sua eficácia será muito potente [...]  esta cidade foi batizada pelo nome de BAHIA e isso foi, sem dúvida, através da inspiração do Espírito Santo…
Em suma, o neo-gnosticismo das elites políticas busca alcançar a emancipação (social, econômica, espiritual, etc) da humanidade que esbarra na ideia de salvação do gnosticismo da antiguidade tardia. Essa nova cara do gnosticismo é essencial para a consolidação da Nova Ordem Mundial de Baha'u'lláh, sobretudo por este prometer a salvação coletiva, imanente e terrena.

Nota:

[1] Termo originalmente criado por Boaventura de Souza Santos.

Fontes:


http://www.curriculosemfronteiras.org/vol3iss2articles/boaventura.pdf
http://www.gpmina.ufma.br/pastas/doc/Multiculturalismo%20e%20Sincretismo.pdf

http://apocalipsetotal.wordpress.com/2010/07/08/a-bahia-e-o-coracao-espiritual-da-nova-ordem-mundial-no-brasil/

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O deus do anticristo (3)

Na primeira parte (VER), o deus do anticristo é exposto tendo como ponto de partida as religiões arcaicas e seus fragmentos na contemporaneidade. A segunda parte (VER), por sua vez, tem como intuito apresentar o deus do anticristo em uma conotação mais científica, da percepção pré-socrática do divino na natureza à exploração científica na parte obscura do universo. Nessa terceira parte iremos nos aprofundar mais e nos apoiar nas teorias psicanalistas freudianas a respeito da origem da religiosidade. Antes de tudo é importante ressaltar que com "anticristo" não estou me referindo a um grande líder mundial do fim dos tempos como é costume atribuírem, mas trata-se da sociedade em geral que mais tarde elegerá um executivo mundial, mas este apenas como um reflexo e consequência e não como o fator principal.

Freud, ao buscar entender a fonte da religiosidade, em seu ensaio O Mal Estar na Civilizaçãofez uso da expressão "sentimento oceânico".* Tal expressão refere-se a uma sensação de eternidade, de algo oceânico, ou seja, sem fim, à vista dos homens. Para Freud, quando buscamos este sentimento oceânico, estamos retornando a uma época que tínhamos uma sensação de comunhão plena com o mundo. Essa é a primeira fase da vida, quando o bebê sai do ventre da mãe. Quando o feto ainda está no ventre materno ele não tem a consciência de ser, o que não muda muito nas primeira semanas após o parto. Nesta fase, o bebê não sabe diferenciar o que é ele e o que é o mundo externo. Somente com o passar do tempo a criança vai aprender a fazer a distinção do que é o seu ego (Eu) para o que é o mundo exterior.

Baha'u'llah em seu livro Os Sete Vales afirma que o peregrino em busca do Bem Amado deve se ver livre do ego. 
...as etapas que marcam a jornada do peregrino desde a morada de pó até a pátria celestial são consideradas sete. Alguns as têm denominado Sete Vales e outros, Sete Cidades. E dizem que, enquanto o peregrino não se livrar do ego e não percorrer essas etapas, jamais alcançará o oceano da proximidade e união, nem sorverá do vinho incomparável. Os sete Vales, Baha'u'llah

Com "se livrar do ego" para alcançar "o oceano da união" Baha'u'llah, em 1862, estava confirmando previamente aquilo que Sigmund Freud iria formalizar 68 anos mais tarde, em 1930. A unidade na diversidade é o Absoluto que todos devem partilhar, sendo necessário antes acabar com o egoísmo de cada pessoa, de cada sociedade e da civilização rumo a uma Nova Ordem Mundial. A fonte da religiosidade na pós-modernidade está na imanentização da Causa em torno de uma utopia quiliasta.


Para ilustrar essa questão usarei a canção "Ao Longe o Mar" do grupo português Madredeus (clique aqui).
Porto calmo de abrigo/De um futuro maior
Inda não está perdido/No presente temor
Não faz muito sentido/Já não esperar o melhor
Vem da névoa saindo/A promessa anterior
Quando avistei/Ao longe o mar
Ali fiquei/Parada a olhar
Sim, eu canto a vontade/Canto o teu despertar
E abraçando a saudade/Canto o tempo a passar

Nos versos da canção percebemos alguns elementos que envolvem a humanidade e a aceitação de seu cristo cósmico: a sensação de um presente temoroso (período de nascimento de uma era gloriosa próxima); a esperança de um futuro melhor como promessa (de mártires religiosos ou políticos) e o clamor pelo despertar do cristo cósmico, a mentalidade universal e unitária.

A ação de parar e observar o mar é uma ilustração do sentimento oceânico e da sensação de infinitude. Ao olhar a dimensão do mar ou até mesmo do céu nos sentimos pequenos e diminuídos. Nessa insignificância do ego (Eu) a comunhão plena com o Todo pode ser restabelecida. A besta emerge do mar, vem do profundo, sai do abismo, do desconhecido e infinito.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Para compreender o falso arrebatamento, a manifestação do cristo cósmico



Muitas pessoas "torcem o nariz" quando dão de cara com a ideia de um falso arrebatamento da igreja. E tudo isso por quê? Por esse ser talvez o episódio mais esperado por eles (em vida) e, portanto, não conseguem conviver com a ideia de que isso possa ser uma farsa. Quer dizer que o "arrebatamento" não irá acontecer? Se existe um "falso" é porque certamente há um que seja verdadeiro. Mas com certeza não nos mesmos moldes. Vamos dissecar este vídeo acima que eu mesmo fiz há um ano, para entendermos melhor.

O céu na terra

Primeiramente, devemos entender que ninguém há de desaparecer. O falso arrebatamento não vai simular a ida da igreja ao céu, essa experiência promete, na verdade, trazer o céu à terra. Vejamos que esse é um pedido cada vez mais constantes em "orações" e "louvores" do mundo pentecostal. Baha'u'llah, cujo significado do nome é "A Glória de Deus", utiliza as passagens em que Jesus se refere ao Espírito Santo, na Bíblia, para justificar que ele é aquele a quem Cristo se referia. O que o movimento gospel/pentecostal vem fazendo é confirmar isso através da imanentização do divino em torno do elemento "glória".


Espírito desça agora/Eu me aproximo de Tua glória
Tua glória venha o céu na terra, céu na terra
(trechos da canção Anseio, Diante do Trono)

O [neo]pentecostalismo é um dos responsáveis por tornar o Cristianismo cada vez mais em uma religião imanente, na qual o deus deve estar tão próximo ao homem que este deva "senti-lo" a todo o momento.

A Bíblia nos ensina a buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça (Ver: A verdadeira justiça dos santos). Para o mundo pentecostal, o Reino de Deus pode ser visto em espasmos, rodopios, glossolalia, gritarias, desmaios, entre outras coisas que para tais nada mais é do que a certificação da presença de Deus e do mover do espírito santo (Ver: Nomes de blasfêmias). Arrebatamento nesse caso nada mais é do que um estado de êxtase. Nesse sentido arrebatamentos acontecem todos os dias em igrejas que prometem experiências como as citadas acima, e as atribuem ao espírito santo.

Os mil anos

Outra coisa que deve ser levada em conta é que Satanás (A serpente) está sendo solto agora, no fim dos mil anos (período que simboliza o Reino de Deus, da ressurreição de Cristo à morte dos santos). Há um grave erro em acreditar que Satanás ainda será preso. Assim, se hoje já conhecemos o jargão "onde há o espírito, ali há liberdade" para "justificar biblicamente" todas as sandices de um culto carismático, tirando da cabeça do crente qualquer possibilidade de aquilo ali ser assemelhado a um culto umbandista, por exemplo, quem dirá quando tais acreditarem que Satanás foi preso... imagine o que será considerado "de Deus"!

O derramar do espírito sobre toda a carne é provavelmente a mais perigosa de todas as doutrinas pentecostalistas. Nessa, todos os que se encontram sobre a Terra seriam revestidos com o poder do espírito ante o início do "milênio" (Ver: O fogo consumidor)

As forças opostas Bahá'u'lláh x Shechinah

Não é necessário consultar o mistico para se compreender a ideia de êxtase por meio de duas forças opostas e complementares. Na análise de Nietzsche em A Origem da Tragédia, ele coloca a música como a criadora fundamental das forças antagônicas Apolo e Dionísio, e estaria relacionada ao gozo feminino além do fálico na psicanálise lacaniana.

A música, ou mais precisamente "o louvor", é a ferramenta mais eficaz da hipnose do mundo gospel. "O céu se une a terra como um beijo apaixonado" poderia ser levado em conta apenas como uma representação poética, se não fosse uma música gospel "dedicada a Deus".

Na Cabala esotérica, Shechinah é a essência do Ain Soph que, emanado, ficou preso ou enroscado em Malkuth, sendo correspondente à Deusa Kundalini Shakti na tradição esotérica oriental da Yoga. Segundo o livro cabalístico Zohar, a evolução do homem é o processo em que o pólo feminino do Divino (Shechinah), presente potencialmente na criação e no homem (Malkuth), se une ao pólo masculino da Divindade, Kether. Tal reunião é na tradição rosacruz representada pelas Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreutz, e na Bíblia está no livro O Cântico dos Cânticos de Salomão. Segundo a tradição da Cabala, a reunião dos dois pólos da Divindade resulta em uma Consciência Cósmica ou crística, de união do homem e do Divino, resultando no Homem-Deus (Deus imanente).
Leia mais: http://www.libertar.in/p/shekinah.html#ixzz2tQLAH1Lq

Shechinah corresponde à Sophia no gnosticismo, aquela que traz a iluminação, fogo. A mesma serpente do Éden que "vem abrir os olhos" (Gn 3:5). Shechinah vem trazer um elemento divino para libertar os homens da ignorância, a mesma ideia repassada pelo conto grego do titã Prometeu, que trouxe o fogo (até então privado aos deuses). Nas tradições esotéricas, esse fogo é reconhecido como o sexo - a nona esfera da vida. 

A Imanentização da escatologia através da iminência

Enquanto vemos pastores pregarem taxativamente contra a prostituição carnal, os mesmos estão servindo de cafetões para a prostituição espiritual de seus fiéis. As pessoas estão indo aos templos buscando o orgasmo cósmico, e tudo isso é por falta de fé. A expectativa do iminente (pode ser a qualquer momento) leva o cristão a buscar experiências intensas aproximadas, antes do tempo determinado. Esse é um grande problema do homem atual como um todo, e também a igreja que eclodiu nesse período: a imanentização escatológica. 


E o grande dia haverá de chegar

Quando eu e você, eu e você
Nos encontraremos com Ele
Naquele dia eu e você, eu e você
Cantaremos em uma só voz a Ele, a Ele, a Ele

(trecho da canção Vai Valer a Pena, Livres para Adorar)

Do "naquele dia" para "este dia" há um ou dois passos. Esse é um processo por qual todas as religiões tendem a passar, a imanentização em torno da ultima etapa da humanidade. De aquele para este, de ele para eu.