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terça-feira, 9 de junho de 2015

Usar azul pode ofender quem estiver de verde

Deve ser idolatrado por crianças palestinas, africanas, asiáticas, árabes, eslavas, por ortodoxas, judias, muçulmanas, budistas, agnósticas (32,2% da China), xintoísta, hinduístas (mais de 1 bilhão).
Mas decidiu homenagear apenas um grupo religioso, na sua grande conquista (o único jogador do time com uma faixa no cabelo): 100% JESUS
(Daqui)
O jogador de futebol Neymar, após conquistar um título, comemorou utilizando uma faixa rodeando a cabeça na altura da testa com os dizeres: "100% JESUS". Para Rubens Paiva, do Estadão, que se diz de ambos (Neymar e Jesus), isso foi um equívoco, pois, assim, o jogador prestou homenagem a "apenas um grupo religioso", em detrimento dos inúmeros outros.

Para Rubens Paiva, Jesus é só a marca que define um grupo religioso. Não passou-lhe pela cabeça que Neymar poderia estar prestando homenagem ao próprio Jesus, não, mas a "um grupo religioso", que não pode receber mais atenção que os inúmeros outros. 

Porque é chegado o momento em que temos que nos despir, literalmente  na França, o quipá de judeus, a cruz de cristãos, o véu de muçulmanas são proibidos aos alunos nas escolas  para não ferirmos a liberdade do próximo. Mesmo que esse "próximo" não o tenha reivindicado, haverá sempre aquele representante de toda a massa ferida. Mesmo que nenhum dentre o bilhão de hinduístas que são fãs de Neymar tenha se ofendido com o "Jesus", haverá sempre um Rubens Paiva que falará por eles.

Quem sabe se existisse algum símbolo que pudesse representar o budista, o judeu, o palestino, e o grupo religioso de Neymar, todos ao mesmo tempo, teríamos uma sociedade mais justa. Alguém teria alguma sugestão?

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A identificação do transgressor na Nova Ordem Mundial

A presidente Dilma Rousseff anuncia uma proposta, da parte do TSE, de criação de Registro Civil Nacional, um documento de identificação com chip que uniria em um só todas as informações hoje fragmentadas em outros documentos. Dias depois, é anunciada uma iniciativa de coibição de crimes de descriminação na internet, o Humaniza Redes. Dois eventos aparentemente distintos revelam, na verdade, um sincronismo.

A logomarca do Humaniza Redes é composta de duas impressões digitais formando a simbologia do coração. A logo, que foi retirada de um banco de imagens da internet, faz lembrar as palavras da presidente ao citar a Justiça Eleitoral e o cadastramento biométrico como medida positiva de segurança de identificação (veja o vídeo). A ideia do TSE consiste em um projeto de "cadastramento e a identificação de cada um de nós [brasileiros] com um [único] documento".

O Humaniza Redes é coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Uma das medidas visadas por esta Secretaria é desafogar as penitenciárias, portanto o projeto não pretende "prender opositores", pelo menos não em prisões físicas. Tem sido feito um esforço para que se criem "novas medidas de controle" que não o encarceramento.  

Vemos no artigo 45 do Kitab-i-aqdas os seguintes escritos: "Exílio e aprisionamento são decretados para o ladrão e, no terceiro delito, colocai-lhe uma marca na fronte, para que assim identificado não seja aceito nas cidades de Deus e em Seus países.

Ainda nessa edição do kitab-i-aqdas há uma nota explicativa: 
A marca a ser colocada na testa do ladrão serve para que os demais sejam advertidos de suas tendências. Todos os detalhes a respeito da natureza da marca, de como deve ser aplicada, por quanto tempo deve ser usada, e em que condições pode-se retirá-la, bem como a gravidade das várias categorias de roubo, foram deixados por Bahá'u'lláh para que a Casa Universal de Justiça decida por ocasião da aplicação da lei.

Ficará por encargo da jurisprudência da Nova Ordem Mundial decidir tanto a natureza da identificação, quanto a natureza da classificação de "ladrão". Tudo converge para que a identificação se dê por meios digitais e que o ladrão seja todo aquele que, de alguma maneira, infringir os princípios da Nova Ordem Mundial.



quarta-feira, 18 de março de 2015

Um retrato do que se transformou o "pai nosso" no movimento gospel

Pai Nosso

Ministério Pedras Vivas


Pai nosso nos céus
Santo é o Teu nome
Teu reino buscamos
Tua vontade seja feita
Na terra como é nos céus
Deixa o céu descer
Na terra como é nos céus
Deixa o céu descer
Faz tempo que eu venho notando no que a oração canônica do Pai Nosso vem se reduzindo dentro do movimento gospel. A princípio, notei a retirada do princípio transcendental da oração, e consequentemente do próprio Cristianismo: Seja feita a Vossa vontade. Cristo mostra que sobretudo é a vontade de Deus que deve prevalecer. Entretanto, o movimento gospel se preocupa em pedir o Vosso reino na Terra como no Céu (quanto a isso, veja aqui). Assim na Terra como no Céu diz respeito à vontade de Deus e não ao Vosso Reino.
A canção que abre a postagem aparentemente não rejeita o elemento divino transcendental "Tua vontade", porém insiste em associar uma "celestificação" da Terra, apregoando o princípio hermético de que o que está embaixo (Terra 666) deve vir a ser como o que está em cima (Céu 999).
Fazer o Céu descer quase sempre está associado às sensações sentidas durante o recitar dos mantras gospel as quais se atribuem ao agir do "espírito santo". O que inicia a era dourada da Nova Era e do mundo enquanto Nova Ordem Mundial de Baha'u'llah coincidem com as orações do movimento gospel: uma Terra celestial advinda após a certeza da visitação do espírito santo aos corações humanos.
A nossa morada não é a Terra, Cristo não ora para que Deus transforme-a em um Céu. Temos o Seu Reino invisível em nós, e será esse "nós" que Ele tomará para si.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

A importância do pensamento na Nova Ordem Mundial

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, criou no seu governo a Secretaria de Coordenação Estratégica para o Pensamento Nacional. Segundo a descrição publicada no diário oficial do país, entre os objetivos do novo órgão, vinculado ao Ministério da Cultura, está “assessorar e elevar as propostas a serem consideradas pela ministra da Cultura em questões de pensamento nacional e latino-americano”. E ainda: "projetar e coordenar o pensamento nacional, ajustado com as diretrizes que a secretaria definir", interagir "com as diferentes usinas de pensamento existentes no país, com o objetivo de promover e lhes dar um marco maior de institucionalidade" e estimular "a percepção do ser nacional".[1]
É impossível em uma hora dessas não lembrar do célebre Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, escrito por George Orwell, e da sua descrição de uma policia do pensamento dentro de um governo autoritário. Ainda que, de uma forma ou de outra, a policia do pensamento já está presente [2] entre nós há algum tempo, a sua formalização institucional nos faz refletir a importância do pensamento do cidadão comum dentro da Nova Ordem Mundial. 

Foi no século XIX que tivemos o advento da fé baha'i e do planejamento da Ordem Mundial de Baha'u'lláh, mas também foi o mesmo período em que muitas outras correntes espiritualistas estavam a surgir, dentre as quais a sociedade teosófica desempenhou notável importância, tanto na expansão no início do século passado dos princípios de uma futura sociedade divina, chegando a ceder espaço no Centro Teosófico às palestra de 'Abdu'l-bahá, como agregando conceitos a sua estrutura e ajudando a formar a identidade das elites.

É dentro da Teosofia que encontramos o conceito de “formas-pensamento”, segundo a qual afirma que o homem é dotado de outros corpos além do físico (o mental e o emocional, por exemplo) que formam um combinação sutil no plano astral. Vejamos essas diversas passagens do livro “Formas de Pensamento” escrito por Annie Besant e C.W. Leadbeater em 1901:
"Cada pensamento produz uma forma. Quando visa outra pessoa, viaja em direção a essa. Se é um pensamento pessoal, permanece na vizinhança do pensador. Se não pertence nem a uma, nem a outra categoria, anda errante por um certo tempo e pouco a pouco se descarrega, se desfazendo no éter. (...) Cada um de nós deixa atrás de si, por toda parte onde caminha, uma série de formas-pensamentos. Nas ruas flutuam quantidades inumeráveis. Caminhamos no meio deles. (...) Quando o homem momentaneamente faz o vácuo em sua mente, os pensamentos que lhe não pertencem o assaltam; em geral, porém, o impressionam fracamente. Algumas vezes, todavia, um pensamento surge e atrai a sua atenção de um modo particular. O homem comum se apodera dele e o considera como coisa própria, fortifica-o pela ação de sua própria força, e, por fim, o expele em estado de ir afetar outra pessoa. (...) O homem não é responsável pelo pensamento que lhe atravessa mente, porquanto pode não lhe pertencer. Porém, torna-se responsável quando se apodera de um pensamento e o fixa em si e depois o reenvia fortalecido." (BESANT, Annie e LEADBEATER, C.W,. Formas de Pensamento. Editora Pensamento, 1995).
É muito importante para o estabelecimento da NOM o pensamento do cidadão global fluir segundo o espírito insuflado do cristo cósmico. Em outras palavras, o cidadão global precisa está apto ― como vários já estão ― a receber como daimons [3] os  muitos demônios que saírem do abismo. As diferentes maneiras de se esvaziar a mente, desde as práticas em templos esotéricos incluindo alguns com placas evangélicas à liberação desenfreada do consumo de drogas, além das técnicas MK Ultra da cultura pop babilônica, serão importantes para que pensamentos que não lhe pertencem entrem na mente do cidadão global fazendo com este mais tarde se apodere dele e o considere como coisa própria.
Este é o segredo da propaganda: saturar totalmente a mente da pessoa a quem a propaganda quer tomar posse, com as idéias da propaganda, sem que ele perceba que está sendo saturado. Paul Watzlawick
Uma das maneiras mais sutis, mas talvez a mais eficiente, é a constante propaganda da Nova Ordem Mundial. Na medida em que conceitos são lançados, o comum cidadão vai adquirindo-os sem que disso se perceba. Para ilustrar o que escrevi até aqui, temos o filme Branded (2012),  o qual explora o conceito teosófico de formas-pensamentos atrelado à saturação da propaganda da indústria do marketing. O filme aborda a propaganda para além de sua composição retórica, mostrando uma guerra entre criaturas invisíveis pela decisão pessoal do indivíduo ― o palhaço, bem sugestivo, que faz a criança importunar a mãe por um sanduíche é só um exemplo.

Vemos que a crítica do filme não se retém ao marketing de uma sociedade de consumo na afirmação do personagem principal, Misha (Ed Stoppard), de que a propaganda teve o seu início com Lênin. O filósofo político Ernesto Laclau defendia abertamente a tese de que a propaganda revolucionária cria livremente a classe da qual em seguida se denominará representante. Foi exatamente isso que aconteceu no enredo do filme Branded, a companhia de marketing criou uma classe de pessoas acima do peso para, em seguida, se tornar representante dos mesmos com suas redes fast-foods.
E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. Apocalipse 20:8
Adentrando à nossa realidade, a Nova Ordem Mundial está a fazer roupas sob medida às pessoas que deseja representar. E, em uma sociedade de justificação divina, nada seria mais normal que mediadores entre os deuses e os homens, os chamados daimons,  ajudem este último a reconhecer a "luz da revelação divina" da Ordem Mundial de Baha'u'llah. Acaso não seria, em um futuro bem presente, o próprio homem o portal aberto do poço do abismo? Quando a economia divina estiver em prática através da estrela de nove pontas a "festa" estará bombando!

Notas:
[1] - Cristina Kirchner cria Secretaria do Pensamento
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/cristina-kirchner-cria-secretaria-do-pensamento
[2] - As mídias e a polícia do pensamento
http://apocalipsetotal.wordpress.com/2013/01/24/as-midias-sociais-e-a-policia-do-pensamento/
[3] Seriam intermediários entre os deuses e os homens. Os daimons têm uma equivalência no islamismo: os chamados "jinns" ou em português "gênios". Eles são encontrados no Surata 72 do Alcorão, Al-Jinn (Os Gênios), citado por Baha'u'llah no Súriy-i-Ayyú.
Outras Fontes:
O Marketing paranormal no filme "Branded"
http://cinegnose.blogspot.com.br/2013/03/o-marketing-paranormal-no-filme-branded.html?spref=fb
Sobre Formas-Pensamento
http://metafisicando.blogspot.com.br/2012/11/sobre-formas-pensamento.html

terça-feira, 13 de maio de 2014

O messianismo judaico em sua forma atual

Cristo deu um golpe de espada na esperança messiânica da maioria do seu tempo, isso porque a palavra que saia de sua boca tratava de um futuro de justiça perante o Pai dentro de uma dimensão espiritual no Reino de DeusMuitos foram perseguidos e mortos ao reafirmarem a palavra que Cristo havia deixado referente a essa justiça do Reino. Todos esses ― até o último salvo ― reinam desde então com Cristo.
E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Apocalipse 20:4
Entretanto, o messianismo judaico nunca deixou de existir, crendo que ao menos uma remanescência do seu povo fosse responsável por uma futura salvação do mundo material. Hoje estamos adentrando em um período no qual essa esperança é levada ao extremo, com a cura da ferida deixada pela espada, a paz que Cristo nos deixou e a justiça do seu Reino não satisfaz o mundo contemporâneo.

Certamente que, na História, uma ideia não se repete de uma forma exatamente idêntica à inaugural porque o tempo histórico é diferente. É dentro da mentalidade revolucionária que encontramos o movimento messiânico atual que está a perseguir o cristianismo mundo a fora. Retira-se a figura de Iavé e permanece apenas os ideias que o formam, tendenciosamente adaptados e condensados na noção de um cristo cósmico. A noção de "um povo eleito por Deus" permanece, mas fora de uma raça ou nação particular, exaltando a  noção de "cidadãos da terra" e "construtores do Reino".


Em suma, o pensamento messiânico judaico, presente também nas correntes milenaristas dentro do cristianismo (o dispensacionalismo por exemplo), sustenta a mesma ideia dos que estão hoje a destruir o cristianismo no ocidente: um futuro temporal e material governado por um rei de justiça e uma elite eleita.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Ocultar ou promover quando convém

Alguns anos atrás pela MTV o humorista Marcelo Adnet havia feito o papel de um "político sincero" que evidenciava seus planos de corrupção no mandato (veja o vídeo). E recentemente o humorista que agora está na Rede Globo fez uma coisa muito parecida, aquilo que seria "o jingle que só fala a verdade" (veja o vídeo). A ideia é a mesma, criticar as propagandas eleitorais.

Uma coisa é curiosa, Adnet como "político sincero" tinha um número fictício para a sua candidatura: 9999. O uso do 9 é obvio, é um número genérico que estaria representado todos os outros números.



Já no "jingle que só fala a verdade" na Globo, ao invés de haver um número fictício foram ainda mais genéricos: "número, número, número". Afinal, não iriam atribuir uma política má ao número que representa o Nome oculto e manifesto, inviolável e inacessivelmente excelso.[1]


A significação numérica na fé baha'i é herança babista. O Bab acreditava que os números ajudariam a reconhecer "aquele Que Deus tornará manifesto", com o auxílio do sistema de cômputo abjad. Ainda assim, o número é o nível mais distante da representação do cristo cósmico da nova era, temos ainda a sua estrela de nove pontas seguido do seu próprio nome.


Se por um lado o nove foi ocultado ao estar ligado com conceitos tão negativos como a corrupção, ela é promovida estando do lado de conceitos como liberdade. A cannabis, vulgar maconha, foi liberada em alguns estados norte americanos, com isso as máquinas que fornece as verdinhas diretamente ao consumidor estão se popularizando.  E dos três tipos de cannabis, indica, ruderalis e sativa, escolheram esta última para a campanha publicitária. É característica dessa espécie possuir nove extremidades em suas folhas.


[1] Kitab-i-aqdas, K29.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Imanentização: para que um pintor se podemos nos pintar?

Um castelo, jardins floridos e uma floresta ameaçadora, isso foi o que, por razões misteriosas, um pintor deixou incompleto. Três tipos de personagens vivem nesta pintura: os Toupins, que são totalmente pintados, os Pafinis, parcialmente pintados, e os Reufs, que possuem apenas algumas marcas de contornos esboçados. Considerando-se superiores e agraciados pelo pintor, os Toupins possuem o poder, perseguem o Pafinis, e escravizam os Reufs. Convencidos de que somente o pintor pode restaurar a ordem terminando a pintura, um Toupin diferente, uma Pafini aventureira e um Reuf resmungão vão à procura dele. Ao longo da aventura, tentarão sanar suas dúvidas: O que aconteceu com o pintor? Por que ele os abandonou?

A animação francesa O Quadro (Le Tableau) de 2011 traz consigo um conjunto de conceituações mundividenciais próprias dos movimentos místico-religiosos já tão abordados no blogue. O Filme ilustra bem a noção de construção do Reino de Deus na terra pela imanentização em prol da causa de igualdade. 

A realidade é uma obra inacabada

O Quadro da animação é um microcosmo da nossa realidade e assim como tal estava inacabado também a obra do Criador (Pintor) está. Uma coisa interessante destacar é que aquilo que ainda faltava para a obra estar completa não estava na paisagem (natureza), mas nos personagens (Pafinis e Reufs). Esse é o elemento que faz esses movimentos mistico-religiosos estarem engajados socialmente falando num contexto mundial.

O determinismo

O fato da obra estar inacabada acabou por acarretar numa divisão de classes por base nos "níveis de detalhes pintados" presentes nas personagens. Isso fez com que a classe dos Toupins, com maior nível de detalhes pintados, fizesse uso deste determinismo fatalístico para se afirmarem como privilegiados da parte do Pintor e assim morarem no castelo, discriminar os meio pintados, os Pafinis, e escravizar os esboços, os Reufs.

A volta do Pintor

Havia entre as classes dos não inteiramente pintados a crença de que um dia o Pintor tornaria a pintar o quadro, colocando todos em pé de igualdade de detalhes. Essa crença era ridicularizada pelos Toupins, exceto pelo apaixonado Ramo, o qual acreditava que um dia o Pintor completaria a pintura na Pafini pela qual era apaixonado. 

Como o Pintor tardava a voltar, e após um grupo composto pelo Toupin Ramo, um Reuf resmungão e uma jovem Pafini aventureira excederem os limites os quais ninguém até então havia ultrapassado, depois de fugirem das tropas dos Toupins, decidem prosseguir em busca do Pintor.

Essa é uma perfeita ilustração do conceito de imanentização escatológica: Os personagens tinham uma crença no regresso do Pintor (Eschaton), mas como tardava o artista, eles decidiram ir de encontro a Ele (trabalho imanentizante). 

 A união pela transcendência

O personagem principal, o Toupin de nome Ramo, apesar de pertencer à classe alta, se importa com as demais classes e tenta encontrar o Pintor. Essa ação, de negar as bonanças da vida de casta superior em nome da busca do favor divino, foi comum aos manifestantes solares como Siddhartha, Moisés, Krishna, Mirza Husayn, todos esses nasceram em uma linhagem social superior e optaram por serem mensageiros da luz divina.


Os três personagens, e mais tarde o pequeno soldado também, se unem com um mesmo intento: achar o Pintor. O Pintor estava fora da realidade dos Quadros, estava transcendente à sua criação. O princípio que a fé Baha'i se utiliza para sustentar a ideia de unidade das religiões está na transcendência divina (ver), o mesmo conceito utilizado pela chamada Filosofia Perene. Acontece que essa noção de unidade transcendental das religiões é apenas um simulacro que nivela as religiões por um conceito que já está a se perder no tempo. Os personagens não encontraram o Pintor, apenas sua representação em um autorretrato.


A solução


Apesar do fator que uniu os personagens ser a busca do lado de fora pelo Pintor, a solução para o problema da irregularidade da pintura eles encontraram do lado de dentro da própria realidade da pintura. Se a união das religiões é alcançado pelo elemento transcendental da divindade, é na imanentização que a solução dos problemas de fato é encontrada. Os personagens percebem que eles mesmos tinham a capacidade de mudar a realidade, desistiram da busca pelo Pintor e decidiram procurar diretamente a tinta.

Conclusão

A marca da besta na mão direita do homem é ação imanentizadora do processo escatológico, passando ao homem a responsabilidade da construção de novos céus e novas terras. A marca de Deus na fronte dos escolhidos é a fé e a certeza (a fé não possui incertezas) de sua salvação por intermédio unicamente de Jesus Cristo. O homem contemporâneo tem fobia da fé por isso coloca toda a sua confiança em si mesmo e na força de seu braço.
Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor. Jeremias 17:5-7

domingo, 23 de março de 2014

O panteísmo na economia espiritual/divina

O deus das forças como é descrito a noção divina para o mundo anticristão se manifesta dentro do campo científico semelhantemente ao conceito panteísta-naturalista (ver: o deus do anticristo 2). Essa noção materialista se contrapõe às análises espiritualistas de Baha'u'llah que deram origem ao seu projeto de Ordem Mundial. Porém a visão materialista não é unânime dentro dos estudos científicos, paralela a essa visão tradicional no campo das ciências a teoria do físico indiano Amit Guswami rejeita o materialismo e se apoia na física quântica para sustentar a sua ideia de que nem tudo é matéria.

Amit Goswami
O conceito de economia espiritual criado pelo físico Amit Guswami em decorrência de sua visão espiritualista nos faz lembrar da noção de economia divina dentro da Ordem Mundial de Baha'u'llah. Dentro dessa economia espiritualista de Guswami, o principal fator deveria ser algo não material, a saber, a consciência humana. Para Amit, a consciência não está separada de Deus e não existe uma consciência individual, apenas ilusões de uma devido a acontecimentos próprios ao indivíduo, ou melhor dizendo em sua teoria, de diferentes escolhas dentro das possibilidades quânticas.

Embora a visão de deus dentro da análise espiritualista de Guswami se distancie do panteísmo-naturalista tradicional da ciência, acaba por se aproximar de um panteísmo-espiritualista que atende às necessidades instruídas por Baha'u'llah em seu livro Os Sete Vales (ver: o deus do anticristo 3). Nesse livro Baha'u'llah ordena a todo aquele que volver sua face à luz por ele emanada que se livre do ego (ilusão de consciência individual) e alcance o oceano da proximidade e união (consciência una/universal).

Essa consciência universal e criadora, ao ver de Guswami, não diferencia da consciência/ser da criatura, podemos até dizer que a consciência humana não foi uma criação de Deus, para essa concepção, mas que ela é participante Dele. É nisso que se consiste o panteísmo-espiritual.

Para aprofundar-se:

A Economia Espiritual de Amit Guswami

A Ponte entre a ciência e a religião

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A ferida está sendo curada

Existem geralmente duas maneiras comuns[1] dos cristãos se agarrem à ideia de que "o fim está próximo" e consequentemente o retorno de Cristo. A mais comum é também a que mais se aproxima do pensamento das religiões arcaicas[2], que é ver sinais na natureza que indiquem o retorno do messias. Isso gera um tumulto desnecessário dentro da área escatológica toda a vez que um terremoto, tsunami ou coisa semelhante acontece pelo mundo. Outra forma mais correta de encontrar "sinais" de que "Cristo está voltando" estaria na análise não na natureza, mas no homem. Digo mais correta devido a bíblia fundamentar muito mais esse ponto de vista do que o primeiro.

Acontece que esta última carrega consigo uma possibilidade de erro tanto quanto a primeira e pode causar tumulto desnecessário em relação a "alertas para últimos dias" e coisa do tipo. Por exemplo, afirmar que o casamento gay é um indicativo para a volta de Jesus é de um tanto absurdo. Até porque sabemos que o pior ainda não chegou, quando se manifestarem massivamente os ativistas da pederastia e pedofilia aí a coisa começa a ficar feia...


Onde eu quero chegar... Nessa postagem (clique aqui) eu esclareci o meu ponto de vista a respeito da ferida que a besta recebeu de espada, a qual coloquei como sendo o evangelho de Cristo e o estabelecimento do seu reino, da crucificação à parúsia. Nesse contexto, a cura da ferida seria a eliminação da verdade do evangelho no mundo contemporâneo, culminando na manifestação do cristo cósmico como a resposta para o tempo apostata que se figurou a partir dessa negação.
Em entrevista à psicóloga Valerie Tarico, Winel disse que os sintomas do STR inclui, além da ansiedade, depressão, dificuldades cognitivas e degradação do relacionamento social. “Os ensinamentos e práticas religiosas, por vezes, causam danos graves na saúde mental.” 
“No cristianismo fundamentalista, o indivíduo é considerado depravado e tem necessidade de salvação”, afirmou. “A mensagem central é ‘você é mau e merece morrer, porque o salário do pecado é a morte. [...] Já tive pacientes que, quando eram crianças, se sentiam perturbados diante da imagem sanguinolenta de Jesus pagando pelos pecados deles.”
(Daqui)
O objetivo dos discursos anti-cristãos, como exemplo, o das minorias, quando estas veem a igreja como aquilo que bloqueia a aquisição de seus direitos, não se dão com o intuito de suavizar as posições desta em relação aos mesmos. São na verdade partes de um processo muito maior que é o de "abolir todas as verdades absolutas". A religião, em sentido estreito 'o Cristianismo', como porta-voz de uma verdade que se mostra enraizada no absoluto deve então ser minada de todas as maneiras que se mostrarem possíveis. No texto acima o cristianismo não se torna mais cristianismo se não estiver sendo seguido por um "fundamentalista" omo adjetivo.

Nesse post (clique aqui para ir até ele) em que tratei do que chamam de fundamentalismo cristão, o fiz por estarem colocando o cristianismo como fundamentalista na medida em que esse se mostrava contrário ao homossexualismo. Mesmo ai, vemos uma acusação "com causa", ou seja, se uma igreja não se mostrasse oposta ao movimento LGBT, essa logo não seria "fundamentalista". Mas no texto que apresentei acima, quando o cristianismo se torna fundamentalista pelo fato da mensagem central ser o homem precisando de Cristo para alcançar a salvação, não sobra uma igreja sequer que não seja fundamentalista, pois se há uma igreja, por mais apostata em alguns sentidos que essa seja, que não acredite que Cristo seja a única salvação para o homem pecador, essa não é de fato uma igreja cristã.

A condenação do homem a partir do pecado, seja ele qual for, é proveniente da lei. Vejamos como exemplo a imagem deste outdoor ao lado, que é motivo para acusação de homofobia. A exortação em evidência é a passagem de Levítico, que compõe o cânon referente às leis dadas por intermédio de Moisés. A condenação só há para quem está sob o julgo da lei. A única maneira de sair desse julgo é mediante a graça de Cristo, mas para isso é necessário que o homem reconheça o estado de pecador (pela lei vem o conhecimento do pecado. Rm 3:20), para que esse possa vir a ser justificado pela graça. Essa é a lógica da salvação, é simples. Mas quando a "imagem sanguinolenta de Jesus pagando pelos pecados" se torna então o motivo para condenar o cristianismo ao hall das religiões do mal, já não há nada o que fazer.
E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fimMateus 24:14
Em suma, o que se está colocando em cheque (fundamentalismo) não é o evangelho das aparências, da acusação e que tende à lei mosaica. Mas o que se está a fazer é por descrédito total da graça de Cristo através de seu sacrifício na cruz. Quando isso acontece perde-se a possibilidade da pessoa alcançar o reino pela fé no evangelho, mesmo esse evangelho já tendo sido pregado.

Notas
[1] Que só foi possível após a introdução do pensamento iluminista na cultura ocidental. Ver: A imanentização escatológica e o iluminismo.
[2] Profecias como as luas de sangue nos remetem aos tempos que os antigos viam manifestações naturais como intervenção direta das divindades. Ver: Sinais para o que?

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Globo aposta em novela com elementos gnósticos

Desde sua estréia, a novela global Além do Horizonte vem enfrentando problemas na audiência. Segundo a crítica o motivo dessa problemática estaria no enredo nada convencional para uma novela da emissora. O que a crítica chamou de enredo não convencional eu dou o nome de enredo gnóstico, os  traços de uma trama que envolve temática tipicamente gnóstica são bem fortes na estória da novela.

Alice

A começar pelo nome da personagem principal: Alice. Todas as "Alices" que vieram depois da famosa Alice de Lewis Caroll (Charles Dudgson) fazem alusão a esta, isso é uma afirmação confirmada por muitos (senão todos) que trabalham com análises de obras literárias e cinematográficas. E em uma obra televisiva não seria diferente.


O "País das Maravilhas" da Alice global nos mostra outra característica do enredo que não é apenas gnóstico, mas é o gnosticismo em sua forma atual no mundo pós-moderno. A Wonderland contemporânea é uma realidade construída pelo homem, que na novela é representada pelo desejo do Pai de Alice em buscar a "felicidade concreta" dentro de uma comunidade oculta à sociedade. E nisso encontramos mais um elemento gnóstico, tanto no contemporâneo como no da antiguidade tardia: a existência de alguns pneumáticos.

Os pneumáticos e o Existencialismo

O gnosticismo divide a humanidade em três categorias: hílicos, psíquicos e pneumáticos. Os Hílicos são os presos à matéria; na novela são todas as pessoas que se conformam em viver suas vidas comuns e buscam sua felicidade nesta. Os psíquicos são aqueles que buscam a redenção pela fé; na novela são todos aqueles que buscam a felicidade, mas a veem de uma maneira abstrata. E por fim encontramos os pneumáticos, estes são aqueles que estariam aptos a alcançarem a gnosis; na novela são aqueles pouquíssimos que buscam a felicidade concreta, que tentam mudar a realidade e dedicam suas vidas a isso. Essa última é a mesma característica da mente revolucionária.

O gnosticismo acredita que todos os pneumáticos são um dia despertados para começarem sua jornada rumo a libertação. Esse despertar é de responsabilidade da Deusa Sophia (Donzela dos Céus) no gnosticismo da antiguidade tardia, mas na pós-modernidade esse papel vem sendo desempenhado por algo ainda mais imanente ao ser humano: o Existencialismo. Nesse, a busca por atribuir sentido à vida do sujeito se dá a partir da sensação de confusão deste frente a uma realidade sem sentido e absurda. Através da crise de identidade e da dúvida sobre si mesmo o pneumático pós-moderno inicia sua busca rumo a salvação e quitação de todas essas dúvidas.

A epístola conservada

O autor da novela ilustrou esse despertar de consciência através de outra característica do gnosticismo contemporâneo, sobretudo dentro de um ambiente religioso, que é o retorno a um passado glorioso. Eu estou preparando uma outra postagem exclusivamente com esse tema, mas este é aquela sensação de que existiu uma época melhor do que a atual que é marcada pela presença de alguém, que para a religião é a presença de seu maior profeta. Essa é a ferida mortal de toda a religião: a morte de seu profeta. Mas eis que surge a possibilidade de recuperar a convivência com tal. Essa também é uma maneira de manipular a massa revolucionária, como Hitler fez através da propaganda do Terceiro Reich a partir de uma reestruturação civilizacional se baseando em uma glória dos império germânicos do passado.

A Alice da novela entra em sua crise existencialista após ter conhecimento de uma carta de seu pai que ela acreditava estar morto. Aqui fica impossível não traçarmos um paralelo com o advento de Baha'u'llah que se diz ser a volta de todos os profetas anteriores e escreveu epístolas a reis e sacerdotes de todo o globo. Mas sobre tais epístolas não se pode afirma nem que foram lidas por aqueles a quais foram destinadas. A mesma coisa aconteceu na novela, a leitura da carta foi preservada para um estágio de maturidade da personagem.

O mito da besta

Em um outro núcleo da novela, na cidade fictícia de Tapiré, corre entre os moradores a lenda de uma besta que ataca e mata suas vítimas. Sabe-se que a pessoa foi vítima da besta através de uma marca que essa deixa no corpo. Em uma análise gnóstica, a besta do apocalipse é a representação do ser ser humano que não tem controle sobre si. Lá, a besta de fato existe, e é o "dono" da cidade, Kléber. Ele é uma espécie de Demiurgo dentro de uma esfera menor, que tenta impedir a chegada do conhecimento (gnosis) trazido por Celina, a professora, que libertaria os moradores da opressão de Kléber. O nome Celina vem da palavra "céu" e pode ser uma alusão àquela que é vinda do céu: Sophia e a Rainha dos Céus. Aqui a besta é tratada apenas em seu estado bruto (666) de trevas, a besta age no blackout, quando não há luz (9). Ou seja, depois que a besta (666) for vencida, não há mais necessidade de se preocupar com ela, então afirmar que ela continuaria existindo em outra forma (999) seria persistir em uma lenda.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A REAL Plenitude dos Tempos segundo a Fé em Jesus Cristo

Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. Gálatas 4:4-5
Como digo sempre: Aquele que espera pela implementação do Reino de Deus na Terra está muito atrasado. Cristo não virá uma segunda vez para fazer isso, porque ele já fez em sua primeira vinda. 

Você espera um tempo em que todas as pessoas sejam perfeitas e sem pecados? Pois esse tempo já existe desde que Cristo pagou o preço na cruz e nos libertou da lei do pecado e da morte. 

Você espera por um tempo em que as pessoas não mais morram e haja paz na terra? Esse tempo já existe desde que Cristo deixou sua paz conosco e nos deu a vida eterna por meio da Fé no Evangelho. Essa é a primeira ressurreição.

Você não crê que Cristo já fez tudo isso apenas por não ver com seus próprios olhos? Bendito são aqueles que não viram e creram, pois apenas não se manifestou aquilo que haveremos de ser.

Estamos adentrando o tempo de apostasia mencionado pelo Apóstolo Paulo em Segunda Tessalonicenses, no segundo capítulo, que é o cenário em que despontaria o filho da perdição. Este o qual a todos levantará com o anzol e os ajuntará em sua rede varredoura. Se me perguntarem qual a isca que seduzirá a todos, de crentes a incrédulos: a consumação da suprema paz, a era dourada e tantos outros termos adjetivos. De crenças religiosas com mais de 5.000 anos a religiões políticas ateístas do mundo pós-moderno, a promessa de levar seus adeptos àquilo que seria a Plenitude dos Tempos ou a Era Maravilhosa é o que une todos esses.

Essa "promessa" acaba exercendo a mesma influência que a Lei outrora realizava, ou seja, anula a Libertação trazida por Cristo (que é a nossa plenitude dos tempos, o ano aceitável do Senhor) sobre a vida da pessoa subjugada a essa utopia. "Cristo não conseguiu implantar" ou "Cristo implantou em partes" são máximas sempre presentes nas doutrinas daqueles que defendem o "Venha teu Reino na Terra como no Céu".




Entre todas essas doutrinas há um ponto de encontro, que ao meu ver é condensado na pessoa de Baha'u'llah. Une a Imanentização Escatológica das religiões políticas à Utopia Quiliástica das religiões milenaristas.
A Fé trazida por Bahá’u’lláh deve, em verdade ser considerada como a culminação de um ciclo, a etapa final em uma série de revelações sucessivas – preliminares e progressivas. Estas têm preparado o caminho, em antecipação – com sempre crescente ênfase – do advento daquele Dia dos Dias no qual Ele, a Promessa de Todas as Eras, haveria de se tornar manifesto. ...Desafia nossa imaginação a magnitude das potencialidades das quais foi dotada essa Fé, a qual não tem nem par nem semelhança na história espiritual do mundo, e que assinala a culminação de um ciclo profético universal. A fulgência da glória milenária que ela haverá de irradiar, na plenitude dos tempos, nos deslumbra os olhos. Shoghi Effendi - Chamado às Nações

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A mente revolucionária e o advento do prometido (2)

Na primeira parte apresentei alguns expoentes da mentalidade revolucionária que surgiram a partir do século XIX (século do advento de Baha'u'llah). Mas não seria justo parar por ai, pois todos os apresentados eram ateus e seguiam a linha metodológica materialista, com exceção (em parte) do teólogo da libertação Oscar Romero, e como escrevi aqui, a Fé Baha'i acredita que o problema do mundo (pelo menos os de base econômica) se dão devido "a visão materialista do mundo". A análise histórica feita por Baha'u'llah é de cunho espiritualista, oposta à materialista. Em sua análise ele afirma que a história da humanidade é moldada a partir da revelação de alguns manifestantes providos da parte de Deus.

Apesar dos personagens símbolos do movimento revolucionário adotarem uma visão cética a respeito da religião e também da figura de Deus, devemos entender que a rejeição é, na verdade, quanto a transcendentalidade destes. O neo ateu de hoje nega o Deus cristão porque esse "é um Deus que não faz nada para melhorar o mundo" e afirma que "Deus não ajuda o homem, o homem ajuda o homem". Ou seja, o que está sendo negada é a transcendência da divindade, colocando-a no âmbito da imanência. O Deus na mentalidade revolucionária é tão imanente que não o percebem.
Tão vasto é o seu alcance que abarcou todos os homens antes que disso eles se apercebessem. Dentro em breve, manifestar-se-ão sobre a face da terra e a sua força soberana, a sua influência penetrante e a grandeza do seu poder. Kitab-i-aqdas
O que desperta o revolucionário à ação? Todo revolucionário acredita que o motivo de sua luta um dia será concretizado, muito embora não esteja claro em sua mente o que é essa finalização da sua causa. Eis o elo de ligação entre a mente revolucionária e a Ordem Mundial de Baha'u'llah.

Para observar a mística que envolve o processo do despertar interno do ser revolucionário (algo parecido com auto-ajuda) lembremo-nos do Manifesto Wayseer.
O Caminho é uma força inteligente que pode guiar os nossos pensamentos e as nossas ações para a criação de um mundo melhor, com mais amor, verdade, beleza e graça. Página oficial do manifesto 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A superação do Estado Orwelliano

O Best-seller Jogos Vorazes tentando repetir o sucesso de Harry Potter e Crepúsculo foi aclamado pela crítica cinematográfica devido o diferencial que o filme trouxe consigo para o público infanto-juvenil: um pensamento contestador baseado no modelo distópico orwelliano de um "Big Brother". Essa "crítica" que a série nos traz sobre autoritarismo foi utilizada para ilustrar o pensamento do libertário Jeffrey Tucker em seu artigo aqui traduzido, em que o autor coloca a série em uma lista com mais quatro produções que mostram em seus enredos um cenário de controle governamental generalizado.
"Essa série distópica, altamente popular entre os  jovens, exibe um governo tirano inclinado ao total controle econômico e social. Na série, toda pessoa foi nomeada a um distrito e cada distrito tem certas privações atribuídas. A sociedade tem bastante riqueza, mas essa riqueza é apenas exposta na Capital. Para todos os outros, a riqueza é dividida baseada no favoritismo político e planejamento central."
Mas tanto a crítica cinematográfica quanto o libertário Jeffrey Tucker estão desatualizados. Ao menos essa é a opinião do pesquisador na área da comunicação Wilson Roberto apresentada no blogue em que administra. [1]
"O modelo de Estado orwelliano como um gigantesco Big Brother tornou-se tão antigo frente à nova ordem mundial da Globalização, que se tornou tema dileto para Hollywood parecer “contestador”, para se confrontar à crítica comum feita a ela de produzir filmes alienantes e conformistas."
Essa realidade fica mais clara quando nos deparamos com as declarações de Edward Snowden em que ele afirma (viaque os significados da vigilância descritos por Orwell (escrito em 1948) parecem ingênuos e engraçados, à luz do que está sendo feito hoje. [2]

O cinema estadunidense já transformou o mundo distópico do romance 1984 de George Orwell ou Admirável Mundo Novo de Adous Huxley em clichê para seus filmes receberem uma conotação contestadora e crítica. A situação é basicamente a mesma: uma sociedade pós apocalíptica (pós guerra) em que o cidadão, sob um governo autoritário, não possui liberdade alguma, quem não se lembra do filme Equilibrium? É interessante notar que o contexto de um mundo "pós guerra" esteja sendo semeado dentro da cultura norte americana, quando sabemos que se porventura houver algo próximo de uma terceira guerra mundial se dará em consequência de uma não submissão (a não submissão é uma característica de Lilith) dos EUA ao governo mundial único.

O princípio fundamental que forma a base deste Pacto solene deve ser tão estável que, se qualquer governo violar posteriormente alguma de suas provisões, todos os governos da terra devem se levantar para reduzi-lo à absoluta submissão, mais ainda, a raça humana como um todo deve decidir, com todo o poder à sua disposição, destruir esse governo. Shoghi Effendi - A Ordem Mundial de Baha'u'llah
Esse modelo orwelliano é ultrapassado também quando olhamos os modos de produção capitalista como comparação, pois a rigidez de um agente externo controlador é típico no modo de produção taylorista-fordista no qual o operário era submetido a uma constante pressão de um capataz fiscalizador da produção. Com a introdução dos artifícios da indústria toyotista, a pressão do trabalho deixou de ser proveniente de um agente externo, um capataz, e passou a ser interna, com o próprio funcionário controlando a sua produção fundamentando-as em resultados futuros.

Essa mudança se deu pela revolução tecno-científica que ocorreu na década de 70, a qual outrora nesse post comentei que foi a responsável pelo abandono do interesse do cidadão global  no desenvolvimento científico quanto às questões macrocósmicas e mergulhando em um mundo particular, microcósmico.

A noção de um estado global com um controle rígido sobre população é bem comum nas teorias que colocam toda a força do levante da besta nas mãos de um "anticristo" (surgido de ninguém sabe onde), quando na realidade o agir dessa se dá primeiramente no ser humano, de modo que este mesmo crie toda a situação para o aparecimento do Estado Universal e de seu Executivo Mundial.

Um estado orwelliano é como uma fábrica no modelo fordista: a fábrica explora ao máximo o trabalhador e este não se dá conta que é o elemento que impulsiona a produção. Esse é um sistema bastante instável porque é o modelo base para as teorias marxista de lutas de classes (burgueses/proletariado) e das ações de "revolta do proletariado", pois há uma distinção clara do operário comum para as "mentes pensantes" do processo de produção. O modelo toyotista, diferente do anterior, confunde as noções de classes e o trabalhador não se enxerga mais como só um operário, mas como um membro da empresa a qual é empregado. Esse é o ponto chave para entender os moldes do governo global da ordem mundial de Baha'u'llah em contraste com a Ordem Mundial iluminista, o cidadão global se vê como um agente no processo de construção do "reino de Deus na terra" e não como um explorado pelo Sistema.

Outra coisa que é importante ser observada está nessas palavras do sociólogo polonês Zygmunt Bauman:
Um sistema econômico que não cria mais desigualdades, crescimento dos abismos das classes ou pobreza como nos sistema econômicos clássicos marcados pela exploração da força de trabalho. Simplesmente, o pleno desenvolvimento econômico trouxe a exclusão ou “baixas colaterais”: lixo tóxico, tecnológico e refugos humanos – velhos, estrangeiros, imigrantes etc., todos sem possibilidade de serem integrados. Assim como o lixo informático (baterias, placas etc.) são enterrados em contêineres em algum país africano, da mesma forma uma massa de “redundantes” são empurrados para periferias, guetos ou caçados ou barrados pela polícia de imigração, sem possibilidades de integração. Para o novo sistema global nem são considerados “exército industrial de reserva”, mas “redundantes” e “superpopulação” - veja BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas, Jorge Zahar Editores, 2005.
O que Bauman colocou como redundantes para o sistema econômico (velhos, estrangeiros, imigrantes etc.), para um Estado Universal com os princípios sociais anticristãos acabam por ser os próprios cristãos os redundantes do Estado. É dessa maneira que devemos encarar o "comprar e vender" da marca da besta. Não se trata apenas de uma moeda, mas de viver em sociedade, participar do sistema. À medida em que o Estado universal se torna realidade o cristão vai perdendo voz na sociedade, exceto aqueles que quiserem contribuir, ou seja, aderir às ideias (serem marcados). Assim como é o estrangeiro para o sistema econômico descrito por Baumam, que não achando lugar para "comprar e vender" neste, vira um mero ninguém, assim é também um cristão que não aderindo aos ideais do cristo cósmico acabam por ser expelido da sociedade, como já tratei aqui, esta é a morte dos santos.


domingo, 19 de janeiro de 2014

Os absurdos nas "teorias da conspiração" os são por ponto de vista

É muito comum a esquerda jogar tudo quanto se julga por "teoria da conspiração" para o lado oposto do espectro político. O episódio que mostra bem essa concepção é aquele em que o colunista do Folha de São Paulo, Antonio Prada, simulou em seu texto a adesão de idéias as quais, segundo a ironia do próprio texto, não passam de teorias mirabolantes sobre conspirações da direita política, como são as investidas gayzistas, feministas entre outros movimentos da massa revolucionária.

Mas a noção conspiratória se equivale aos dois lados, ou a quantos outros lados tiverem o espectro político-ideológico. Por exemplo o fato em que a FIFA "não quis saber do casal de negros e escolheu um casal de loiros sulistas para apresentar a cerimônia do sorteio de grupos para a Copa do Mundo" (aqui). Isso, por mais que saibamos que o preconceito existe, é uma teoria com o intuito de asseverar a discriminação existente entre as elites. Ora, não é diferente das "teorias da conspiração da direita".

Um elemento indispensável em qualquer teoria da conspiração é sem dúvida a presença da mensagem subliminar. Existem as mais absurdas dessas nas teorias comumente achadas na web, mas a que você vai vê a seguir não existe igual nem nos piores blogues sobre "iluminates".  A carta a seguir (via) é de uma associação feminista o qual enxerga em textos e cantigas populares elementos que "constitui um retrocesso no que se refere ao desenvolvimento e concretização dos Planos para a Igualdade", mostrando como há nessas, mensagens que às crianças são subliminares beneficiando a "tolerância da violência no namoro", entre outras "mensagens sexistas".


CARTA ABERTA AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
A propósito do texto da Prova de Aferição do Ensino Básico 2010
A UMAR, União de Mulheres, Alternativa e Resposta, vem denunciar a mensagem estereotipada presente no texto da Prova de Aferição do Ensino Básico 2010. Este texto atenta a a legalidade portuguesa em matéria de igualdade, assim como se constitui um retrocesso no que se refere ao desenvolvimento e concretização dos Planos para a Igualdade. 
Nessa medida, vimos junto de V.Exa. denunciar este acto irresponsável de sexismo que mostra como em Portugal não existe, por parte do Estado, uma consciência real no que se refere às suas próprias políticas. 
Em primeiro lugar, a utilização por sete vezes, do vocábulo Homem tem sido desde há muito denunciado como prática de uma linguagem sexista que vem sendo substituída pela necessidade de uma linguagem mais inclusiva, matéria, aliás, do Referido no III Plano da Igualdade 2007/2010 e da Lei nº 47/2006. 
Mas não é só esta mensagem que está presente neste texto. É um texto que, de alguma maneira, se assemelha à letra da canção « O mar enrola na areia », que a certa altura da canção, se explicita « bate nela quando quer ».
Ora vejamos o texto que aqui nos traz. 
Em primeiro lugar, há em todo o texto uma atmosfera de namoro entre o personagem Homem e a personagem Lua : « houvera entre ambos uma espécie de longo namoro à distância», « o Homem, porém, nunca deixou de lhe dedicar belos poemas ». 
Em segundo lugar, é um namoro que parece correspondido : « a Lua procurou sempre enviar-lhe as suas centelhas de luz como se quisesse dizer-lhe « sabes onde estou… » », aliás, « o Homem nunca teve dúvidas a esse respeito ». 
Situadas/os que estamos num contexto de namoro, vejamos agora como este texto passa uma mensagem estereotipada e de tolerância à violência de género: « Quando o Homem pisou o seu solo áspero e poeirento », « Quando o homem pôs a primeira vez os pés no solo lunar »
Dirão que esta é uma linguagem figurada e que, portanto, fazer aqui a ligação a personagens humanas é um exagero. Assim seria, se não fosse o resto do conteúdo do texto. Todo o texto faz a personificação da LUA como uma Mulher, e aqui vemos como as mensagens subliminares de tolerância da violência no namoro se conjugam com a perpetuação dos estereótipos : « …a Lua sentiu-se (…) triste, por não ter sido avisada com tempo suficiente, para se embelezar e poder recebê-lo », « ela queria estar bela e sedutora no momento daquele encontro », « A Lua, como qualquer mulher que cuida da sua imagem… », « …tinha para lhe mostrar (…) a solidão das suas crateras… ». 
Mas não fica por aqui, a mensagem vai mais longe : o enamoramento à distância é muito melhor do que a relação real entre corpos e tempos : « A Lua (…) sempre soubera que a distância favorece o jogo do enamoramento, pois mantém pouco visíveis as rugas, as madeixas desalinhadas e outras pequenas e grandes imperfeições… » 
Finalmente, e depois de tudo isto, ainda se coloca como exercício de escrita um « Bilhete », que vem já assinado como « O Homem », condicionando qualquer pensamento crítico, divergente, não estereotipado, não deixando espaço de liberdade a raparigas e a rapazes que não se identifiquem com esta estereotipia balofa e atentadora dos direitos humanos. 
Enquanto organização feminista e de mulheres não poderíamos deixar passar em branco esta pérola de sexismo, de agismo e, sobretudo e de forma inaceitável, de tolerância à violência de género. 
Bem sabemos que o texto é de um escritor reconhecido ao qual não queremos tirar o mérito. No entanto, qualquer equipa com um pouco mais de consciencialização poderia escolher do mesmo autor centenas de excertos sem esta estereotipia e tolerância à violência de género. Até porque colocar a Lua como vítima nem sequer é artístico. 
Maria José Magalhães 
Presidente da UMAR